Os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua da Educação, divulgados pelo IBGE em 2024, apresentam um panorama detalhado sobre o acesso e a permanência dos brasileiros no ensino superior. O levantamento abrange não apenas aqueles que estavam matriculados em 2024, mas também todas as pessoas que, em algum momento, frequentaram universidades, cursos de especialização, mestrado ou doutorado, independentemente da conclusão dessas etapas.
Segundo a pesquisa, há um destaque para a presença de ex-alunos da rede pública de ensino médio entre os que ingressaram no ensino superior e em cursos de pós-graduação. Quase 60% dos que frequentaram especialização, mestrado ou doutorado vieram da rede pública, evidenciando mudanças no perfil dos estudantes que avançam na educação formal no Brasil.
Quais fatores influenciam o acesso ao ensino superior no Brasil?
O aumento da participação de estudantes oriundos da rede pública no ensino superior pode estar relacionado a políticas públicas implementadas nos últimos anos. Programas como o Prouni e o Fies, além das cotas para alunos de baixa renda e de escolas públicas, têm ampliado as oportunidades para grupos historicamente menos representados nas universidades. Essas iniciativas buscam promover maior inclusão social e reduzir desigualdades no acesso à educação superior.
Além das políticas de inclusão, outros fatores como a oferta de bolsas de estudo, financiamento estudantil e a expansão de vagas em instituições públicas e privadas também contribuem para o crescimento do número de estudantes no ensino superior. O cenário aponta para uma transformação gradual no perfil dos universitários brasileiros, com maior diversidade de origem escolar e social.

7 em cada 10 universitários são da rede pública?
De acordo com a PNAD Educação 2024, a proporção de pessoas com 25 anos ou mais que concluíram o ensino superior atingiu 20,5%, o maior índice desde 2016. Em 2023, esse percentual era de 19,7%. O levantamento também revela que, embora tenha havido aumento na participação de estudantes pretos e pardos em cursos de graduação, os alunos brancos ainda representam a maioria nessas modalidades.
A taxa de frequência escolar líquida no ensino superior entre jovens de 18 a 24 anos ficou em 27,1% em 2024, abaixo da meta de 33% estabelecida pelo Plano Nacional de Educação para o ano. A diferença entre grupos raciais permanece significativa: 37,4% dos jovens brancos frequentam o ensino superior, enquanto entre pretos e pardos essa taxa é de 20,6%.
Quais são os principais desafios da rede pública de ensino?
O levantamento do IBGE também traz outros indicadores relevantes sobre a educação no Brasil. Em 2024, a taxa de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais caiu para 5,3%, a menor desde o início da série histórica em 2016. A escolaridade média das mulheres permanece superior à dos homens, com 10,3 anos de estudo contra 9,9 anos, respectivamente. Entre as pessoas brancas, a média é de 11 anos, enquanto pretos e pardos alcançam 9,4 anos.
Apesar dos avanços, desafios persistem. Em 2024, 8,7 milhões de jovens entre 14 e 29 anos não haviam concluído o ensino médio, seja por abandono escolar ou por nunca terem frequentado essa etapa. Além disso, 18,5% dos jovens de 15 a 29 anos estavam fora do mercado de trabalho e não estudavam nem buscavam qualificação profissional, um índice que, embora em queda, ainda representa um contingente expressivo.
O que esperar para o futuro da rede pública de ensino?
Os dados da PNAD Educação 2024 indicam avanços importantes na ampliação do acesso ao ensino superior e na redução das desigualdades educacionais. O crescimento da participação de estudantes da rede pública e de grupos historicamente sub-representados demonstra o impacto de políticas públicas voltadas para a inclusão. No entanto, a meta nacional de frequência no ensino superior ainda não foi atingida, e persistem diferenças significativas entre grupos raciais e sociais.
O cenário atual sugere a necessidade de continuidade e aprimoramento das políticas de acesso, permanência e conclusão do ensino superior, além de esforços para combater o abandono escolar e ampliar as oportunidades de qualificação para os jovens. A educação segue como um dos principais instrumentos para a promoção da equidade e do desenvolvimento social no Brasil.
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