Warhammer 40,000 Space Marine Master Crafted faz o dever de casa, mas só isso – Review

Não faz muito tempo que joguei o primeiro Warhammer 40,000: Space Marine no PlayStation 3 para me preparar para a análise do excelente Warhammer 40,000 Space Marine 2, publicada no Voxel em setembro de 2024. Tenho ótimas lembranças desse título, de verdade, que tem um lugar cativo na minha lista de melhores daquele ano. 

Na ocasião, pude constatar que a sequência da jornada do capitão Titus manteve a essência dos jogos de ação que marcaram a sétima geração de consoles: muito gameplay e pouca conversa. Além disso, serviu como um baita benchmark, impulsionando tudo o que vimos no PlayStation 5 e Xbox Series até então. Não à toa, o segundo episódio conquistou, com todos os méritos, uma nota 90 aqui no portal, recebendo também uma calorosa recepção em outros veículos. 

AAA

No embalo do hype gerado em 2024, o primeiro Space Marine ganha um remaster justamente quando o público começa a se saturar de relançamentos desnecessários. A nova versão de Space Marine, no entanto, é bem-vinda, já que o original estava prestes a completar 14 anos de existência e permaneceu restrito aos consoles para os quais foi concebido – com exceção do PC, naturalmente. 

À moda brucutu

Imune ao desgaste do tempo, Space Marine tem um estilo muito particular de ser, apesar das semelhanças com Gears of War, tanto no estilo brucutu de seus personagens quanto em suas mecânicas de tiro em terceira pessoa. O que o distingue da icônica franquia da Microsoft, contudo, é o fator hack and slash, que traz um vigor renovado e imprime um ritmo único à experiência. 

Para quem não está por dentro, o capítulo inicial, embora não seja essencial para compreender a história da sequência, ajuda a contextualizar como o capitão Titus e o seu esquadrão de Ultramarines foram inseridos na guerra contra os Orks. Não preciso dizer que o universo de Warhammer 40k é complexo, mas Space Marine faz questão de simplificar a lore para que o combate seja o centro das atenções. 

Sobre o combate em si, tal como o do segundo título, não há sistema de cobertura que permita ao jogador buscar fôlego entre uma horda e outra: é tiro, porrada e bomba do início ao fim. Viscerais, os confrontos seguem seu próprio compasso, alternando entre tiroteios com bolters e finalizações em que Titus desmembra Orks como meros pedaços de carne, enquanto regulamos o ângulo da câmera para apreciar a carnificina de camarote. 

O pacotão definitivo

Em paralelo à ótima campanha, a Master Crafted inclui todos os conteúdos adicionais já lançados para Space Marine, o que engloba também itens cosméticos, bem como a porção multiplayer, do PvP ao PvE, com direito a cross-play entre Xbox e PC. O destaque fica para o exigente modo horda, meu favorito desde os tempos do Xbox 360 e PS3, no qual é possível formar um esquadrão para enfrentar legiões de inimigos. 

A ideia desse remaster é muito clara: tornar Space Marine acessível a novos públicos, em plataformas atuais, sem alterar nem reinventar sua fundação. A Sneakybox, estúdio responsável por revitalizar o jogo, deixou evidente que seu objetivo foi preservar todos os elementos que definiram a aventura original. Para mim, como fã de longa data, esse é um ponto positivo, pois a jogabilidade já estava redonda para o que o game se propunha a entregar. 

Melhorias um tanto modestas

Como a versão de PS3 e Xbox 360 ainda estava fresca na memória, imaginei que o impacto das melhorias gráficas seria mais notável. Não estou dizendo que não houve evolução, nada disso, mas as mudanças não conseguem endereçar todas as limitações técnicas de um game com quase 15 anos de vida.

A resolução foi aumentada para 4K, no talo no Xbox (já dava para jogar assim no PC), e a interface foi redesenhada, ficando mais agradável, com ícones bem alocados, o que torna a navegação pelos modos mais ágil. A qualidade sonora, por sua vez, se mostra superior, com ajustes nos efeitos dos equipamentos e, sobretudo, na tecnologia de áudio espacial.

Animações e texturas também receberam tratamento privilegiado, até mesmo nos trechos cinemáticos, mas sinto que os modelos de alguns personagens mantêm o semblante de 2011, assim como certas composições de ambiente. Mesmo diante dos muitos refinamentos visuais, ainda existem estruturas com um aspecto mais poligonal, isto é, com bordas mais acentuadas, sem a suavidade que esperaríamos de um remaster dessa magnitude. 

Por ter revisitado o Space Marine num PlayStation 3 há pouco tempo, esperava que o efeito da remasterização fosse mais significativo. Verdade seja dita: após o salto geracional expressivo de Space Marine 2, fica difícil se impressionar com o passado quando o novo serve como parâmetro de comparação. Talvez o primeiro já merecesse um remake usando o mesmo motor gráfico do game recente? 

Vale a pena?

Sem muito alarde, Warhammer 40,000: Space Marine – Master Crafted Edition surge para fazer o dever de casa, introduzindo uma excelente aventura a uma nova audiência e preservando o que tornou o original tão marcante na época de seu lançamento. Embora seja a experiência definitiva do título de estreia e nos permita aposentar de vez as versões de PS3 e Xbox 360 (e também a de PC), o remaster não resolve a lista de questões gráficas que deveria ter corrigido.

Nota: 75

Pontos negativos (prós):

  • Reforça que Space Marine continua sendo tão bom quanto outros jogos da geração atual;
  • Melhorias bem-vindas em imagem e som, com destaque à calibragem de áudio;
  • Importa todo o conteúdo do jogo original, incluindo seus itens cosméticos;
  • Modos multiplayer atemporais, com jogatina compartilhada entre Xbox e PC.

Pontos negativos (contras):

  • Certos modelos e elementos de cenário ainda carregam o visual de 2011; 
  • Sem textos em português do Brasil.

Warhammer 40,000: Space Marine – Master Crafted foi gentilmente fornecido pela SEGA para o propósito de análise no Xbox Series X. O jogo também está disponível para Xbox Series S e PC, e já está na assinatura do Xbox Game Pass.

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