A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta segunda-feira (9/6), o uso da tizerpatida, comercialmente conhecido como Mounjaro e fabricado no país pela farmacêutica Eli Lilly, para o tratamento de perda de peso aos pacientes que convivem com obesidade ou sobrepeso. A Resolução 2.144, em que consta a inclusão do medicamento, foi publicada na edição desta segunda-feira do Diário Oficial da União (DOU).
Antes da resolução, o Mounjaro era permitido no Brasil apenas para tratamento de diabetes tipo 2. A liberação do medicamento injetável para esta finalidade foi autorizado pela Anvisa em setembro de 2023, baseando-se em cerca de dez estudos distintos envolvendo mais de 19 mil pacientes portadores da patologia.
Agora, a agência reguladora tomou como base os resultados do programa Surmont, responsável por reunir um conjunto de sete estudos clínicos de fase 3 e que recrutou mais de 20 mil pessoas ao redor do mundo. Os resultados demonstraram a eficácia e segurança da medicação injetável para o tratamento da obesidade.
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A indicação para perda de peso será destinada aos pacientes que possuem índice de massa corporal (IMC) acima ou igual a 30, no caso da obesidade, ou maior ou igual a 27, em casos de pacientes com sobrepeso, associados a comorbidades como colesterol alto, pré-diabetes ou hipertensão.
A obesidade é uma doença crônica que impacta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo – sendo 40 milhões delas só no Brasil, ou um em cada quatro adultos. “A obesidade possui mais de 200 complicações associadas, incluindo um aumento no risco de diabetes tipo 2 em 243%; doenças cardíacas coronarianas em 69%; e hipertensão em 113%”, explicou em nota Luiz Magno, Diretor Sênior da Área Médica da Lilly do Brasil.
“Se o cenário atual já é grave, imaginemos o impacto em 20 anos, quando segundo projeção da WOF (World Obesity Federation), 75% dos adultos brasileiros poderão ter obesidade ou sobrepeso. Sendo assim, novas opções de tratamento trazem mais oportunidades de tratamento para quem vive com obesidade e está à procura de melhores alternativas para controle de peso”, diz Magno.
Comercializado no país desde maio deste ano e com concentrações entre 2,5mg e 5mg, o Mounjaro possui como princípio ativo a tirzepatida, que age no controle do açúcar no sangue em adultos com a doença, combinado com dieta e atividades físicas.
A tirzepatida, disponibilizada em caneta injetora de dose única, funciona como o primeiro receptor de dois hormônios produzidos no intestino: o polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP) e o peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1). Com isso, aumenta a quantidade de insulina produzida pelo pâncreas, ajudando no controle glicêmico no sangue.
Segundo a Anvisa à época da liberação para o tratamento de diabetes tipo 2, os estudos mostraram que a tirzepatida, presente na medicação, reduz de forma significativa a quantidade de hemoglobina glicada no sangue, o que indica o controle de açúcar. Essa redução contribui para queda do risco de doença microvascular, cegueira, insuficiência renal e amputação de membros, por exemplo.