Dados de aprovação mostram enfraquecimento de Lula e risco maior em 2026

Foi sem surpresa que o Palácio do Planalto recebeu os dados da nova série Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira apontando para a continuidade da trajetória de queda da popularidade do presidente Lula. Os monitoramentos internos do governo já captavam essa tendência na desaprovação, que segundo a pesquisa hoje, oscilou de 56% em março para 57%, a maior marca desde o início da atual gestão.

E exatamente já à espera do que estava por vir que o Palácio do Planalto também tentou se antecipar aos dados negativos tirando da cartola uma coletiva de imprensa em que Lula, o melhor garoto propaganda de seu governo, lançou ideias populistas numa tentativa de melhorar o cenário.

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Ali, diante de jornalistas — num movimento que não fazia desde janeiro — um Lula descontraído tentou explicar a 50ª viagem internacional que faz só neste terceiro mandato. Floreou que o governo vai bem, enalteceu a economia e ainda lançou — sem prever datas nem metas — quatro programas sociais. O petista prometeu beneficiar trabalhadores motoboys, lançar o novo Vale-Gás, criar um programa habitacional para pequenas reformas e montar pontos de apoio nas estradas para caminhoneiros, gestos direcionados a projetar um cenário favorável para 2026.

Ganhar uma eleição é uma coisa, conquistar a reeleição é outra — e Lula sabe disso. Ele chega à disputa com a máquina e uma base eleitoral que, embora em queda, segue relevante, mesmo diante de crises que reacendem o tema da corrupção, que voltou a preocupar os eleitores. Subestimar essa força, a cerca de 500 dias do pleito, pode ser um erro de cálculo.

Quão fundo é o buraco?

No mesmo ponto do mandato, o ex-presidente Jair Bolsonaro enfrentava rejeição de 59% e aprovação de 37% no consenso do agregador de pesquisas do JOTA — um saldo negativo de 22 pontos percentuais. Hoje, Lula está em situação um pouco menos desfavorável: é rejeitado por 56% e aprovado por 39%, com saldo de -17 pontos.

Esse número o coloca em território perigoso para reeleição. O tempo segue correndo, e o governo ainda não conseguiu recuperar apoio, mesmo com sinais positivos na economia. A margem de manobra de Lula está reduzida, mas não completamente esgotada. Se entregar resultados e reorganizar a narrativa, ainda pode reagir — como já demonstrou no passado.

Em 2005, Lula enfrentou oito meses de forte desgaste com o escândalo do mensalão, que lhe tirou 13 pontos de aprovação. Mas no ano seguinte, recuperou 16 pontos entre janeiro e outubro — e acabou reeleito.

O governo ainda dispõe de uma janela de dois a três meses antes que o ambiente eleitoral se intensifique. A leitura é que, se os dados de opinião não apresentarem sinais de reação a partir do quarto trimestre, o Planalto tende a acionar com mais força os instrumentos à sua disposição para tentar reverter a desaprovação.

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Por outro lado, ao analisarmos o segundo sinal — o das pesquisas de intenção de voto —, apesar da incerteza natural dos números ainda distantes da eleição, o consenso dos levantamentos mostra Lula à frente de seus principais adversários. No agregador, o presidente só aparece atrás de Jair Bolsonaro, que, até o momento, mantém uma pré-candidatura improvável do ponto de vista jurídico.

A distância entre Lula e seus adversários diminuiu, especialmente entre os nomes mais competitivos, como Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas. Adversários que antes pareciam distantes agora surgem tecnicamente empatados ou mais próximos de Lula. Uma liderança de 3 ou 4 pontos é considerada frágil, pois está dentro da margem de erro da maioria das pesquisas.

Isso mostra que o potencial de crescimento da oposição aumentou — ou, ao menos, que o desgaste do governo está abrindo espaço para esse avanço.

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