Por Júnior Melo
(Artigo de opinião – as ideias expressas são suposições com base na observação de padrões institucionais e históricos)
O cenário geopolítico pode sofrer um abalo considerável caso os Estados Unidos (EUA) decidam sancionar o ministro Alexandre de Moraes ou outras autoridades brasileiras. Embora ainda estejamos no campo da especulação, é possível traçar uma linha de possíveis acontecimentos com base na forma como nossas instituições — e as norte-americanas — historicamente se comportam.
- O Judiciário brasileiro vai reagir com força
Caso uma autoridade brasileira venha a sofrer algum tipo de retaliação financeira, como o bloqueio de contas ou o cancelamento de cartões de crédito por instituições internacionais, o Supremo Tribunal Federal (STF), ao ser provocado, deve reagir de forma imediata. Provavelmente determinará o reestabelecimento dessas contas, sob pena de multa diária pesada. A jurisprudência brasileira costuma ser firme na proteção de autoridades públicas, sobretudo quando o embate se torna uma questão de soberania nacional.
- A escalada entre instituições será inevitável
Mesmo com decisões judiciais brasileiras, bancos e operadoras de cartões com forte ligação com o sistema financeiro americano podem hesitar — ou até descumprir ordens judiciais no Brasil —, temendo sanções dos EUA. Nesse impasse, o governo americano poderá “dobrar a aposta”, pressionando ainda mais as instituições financeiras que atuam em nosso território. Algumas podem acabar recuando do mercado brasileiro para evitar retaliações internacionais.
Nesse contexto, apenas instituições com menor dependência do sistema financeiro global — como o Banco do Brasil ou a Caixa Econômica Federal — devem cumprir as ordens do STF. Isso, no entanto, pode ter um custo alto: exclusão de plataformas como o SWIFT, que conecta transações internacionais. O Brasil, como a Rússia, poderia ser forçado a buscar alternativas — um processo caro e tecnicamente complexo.
- Um prejuízo bilionário — e uma crise sem garantias de resolução
O cenário resultante pode ser catastrófico: prejuízo bilionário às instituições financeiras, desorganização do sistema bancário, impacto direto na economia real e nas transações internacionais do país. Ninguém saberá ao certo quem irá ceder primeiro: os bancos, o STF ou os próprios EUA.
Tudo isso, obviamente, é uma análise baseada no histórico e comportamento das partes envolvidas. Nada garante que esse cenário se concretize. Mas, no mundo da política internacional, onde o simbólico tem tanto peso quanto o prático, uma sanção pode ser o estopim de uma crise de proporções imprevisíveis.
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