Recentemente, o Cade proibiu cláusulas de exclusividade entre academias e plataformas agregadoras de atividade física. Como cofundador de uma dessas plataformas, recebi a decisão com entusiasmo. Trata-se de uma correção importante de rumo no setor: academias finalmente voltam a ter alternativas e o mercado, espaço para se desenvolver com mais equilíbrio.
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O modelo de exclusividade limitou drasticamente o número de plataformas com acesso às academias. A promessa era tentadora: antecipação de receita e maior visibilidade (e fluxo de alunos), em troca de exclusividade. Mas, na prática, para boa parte das academias – especialmente as pequenas e médias – o que veio foi dependência, imposição de condições econômicas desvantajosas e perda de autonomia.
O setor fitness no Brasil é formado majoritariamente por micro e pequenos empreendedores, com desafios estruturais relevantes. Muitos não têm formação em gestão e trabalham com margens apertadas. Nessa realidade, a antecipação de receita, longe de ser um investimento saudável, frequentemente virou um empréstimo disfarçado, que fragilizava o fluxo de caixa e aumentava a vulnerabilidade dessas pequenas empresas.
Ao amarrar academias a um único parceiro, a exclusividade inibia a entrada de novos modelos e sufocava a inovação. Impedia que plataformas se diferenciassem em serviços, apoio, tecnologia, ou (o mais importante para o mercado) condições comerciais. No fim, não eram só os concorrentes que perdiam, mas também as próprias academias e os usuários, com menos opções e poder de escolha.
A resposta à decisão do Cade foi imediata. Em poucos dias, diversas academias que haviam cancelado contrato com a Gurupass retornaram espontaneamente. Ainda, algumas grandes redes, que somam centenas de unidades, nos procuraram para retomar conversas. Isso para além das dezenas de estabelecimentos de bairro ou redes menores que tinham exclusividade, e depois da decisão vieram atrás de nosso time. Esta reação demonstra a demanda reprimida que existia por uma liberdade de atuação e por múltiplas parcerias.
Esse movimento reforça que a concorrência não é um obstáculo para o setor — pelo contrário, ela é o que garante um mercado mais saudável no longo prazo. Sem exclusividade, as academias podem estar em mais de uma plataforma, comparar condições, diversificar canais de entrada de alunos e ganhar poder de negociação. Do outro lado, as plataformas passam a ter incentivo real para melhorar seus serviços, inovar e construir relações de confiança com os parceiros. Quem tem bom serviço e condições econômicas competitivas, não deve temer a competição, não precisa usar o seu poder econômico para esconder as academias das plataformas alternativas. Deve sim usar sua maior capacidade econômica para permitir serviços melhores e conquistar os clientes por suas condições mais competitivas ao invés de acorrentá-los pelos adiantamentos de recursos.
Nós da Gurupass defendemos a multiplicidade de plataformas e a liberdade de escolha porque acreditamos que só assim é possível construir um modelo sustentável de longo prazo. Quando várias plataformas competem livremente pelas mesmas academias, todas são desafiadas a melhorar. Inclusive nós. Isso estimula inovação, eficiência e responsabilidade no relacionamento com os parceiros.
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A mudança também beneficia o usuário, uma vez que um ambiente competitivo estimula mais academias acessíveis, com melhor experiência e preços mais justos. Quando o mercado é livre e plural, todos ganham: donos de academia, plataformas e quem treina.
Essa transformação não se dará da noite para o dia. Mas com liberdade, transparência e boas práticas, o setor tem muito a evoluir. A decisão do Cade abre um novo capítulo – mais aberto, mais justo e mais sustentável. E nós, como plataforma, estamos prontos para ajudar a construir esse futuro.
