Eletrobras comunica termos do acordo firmado com governo federal

A Eletrobras e a União informaram nesta sexta-feira (28/2) os termos do acordo de conciliação que deve ser apresentado ao ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da ADI 7.385. O documento deve ser enviado até o dia 6 de março. O acordo manteve a restrição ao poder de voto do governo na Eletrobras, conforme as regras adotadas na privatização, contudo, aumentou a influência decisória da União, acionista majoritária da empresa, ao conceder cadeiras em conselhos da empresa.

Dessa forma, embora não tenha conseguido maior poder de voto dentro da empresa, o que motivou a ação no STF, a leitura no governo Lula é de que a negociação trouxe avanços importantes em relação à posição da maior acionista dentro da Eletrobras.

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De acordo com o acordo, fica mantida a regra que proíbe que acionistas ou grupo de acionistas exerçam votos em número superior a 10% da quantidade de ações em que se divide o capital votante da empresa. Assim, o governo continua com a trava, mesmo tendo 42% das ações ordinárias da companhia — considerado o controle direto e outras formas de participação.

No entanto, o governo ganha cadeiras nos conselhos da empresa, que antes não tinha. A partir da homologação do acordo, a União poderá fazer a indicação direta de três dos 10 assentos no Conselho de Administração e um assento entre os 5 no Conselho Fiscal.

Outra vantagem, na visão de fontes consultadas pelo JOTA, é que o governo conseguiu as cadeiras sem precisar, por ora, se comprometer com maior participação na Eletronuclear e as obrigações relativas à Angra 3, que representaria um prejuízo para o erário em favor dos acionistas privados.

Para a empresa também houve benefício com a suspensão do acordo de investimentos relativo à Angra 3, pois ela não precisa mais cumprir o acordo de investimentos celebrado em 22 de abril de 2022 sobre o financiamento da Usina Nuclear de Angra 3. Sobre o futuro de Angra 3, caberá ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) encontrar uma nova saída que estruture o projeto.

Ainda de acordo com o acordo, a Eletronuclear S.A. emitirá debêntures de R$ 2,4 bilhões de reais, a serem subscritas pela Eletrobras, com uso restrito para o financiamento do projeto de extensão da vida útil da Usina Nuclear de Angra 1.

Busca por maior poder de voto

Em maio de 2023, a AGU ingressou com a ação no STF pedindo para que a Corte desse maior poder de voto à União na Eletrobras, uma vez que ela é a acionista majoritária. A União se insurgiu contra dispositivos da Lei de Desestatização da Eletrobras (Lei 14.182/2021) que limitavam o poder de voto dos acionistas majoritários, fortalecendo, assim, os acionistas minoritários da empresa.

O objetivo da ação é o de assegurar o direito da União de votar, como acionista da Eletrobras, de forma proporcional à participação que ela detém no capital social da empresa. Mesmo após a privatização, a União possui cerca de 42% das ações ordinárias da companhia — considerado o controle direto e outras formas de participação. Porém, pela Lei de Desestatização da Eletrobras, a União teve seu poder de voto reduzido a menos de dez por cento do capital votante.

Na ação, a AGU pede que a Corte afaste a regra que proíbe que acionistas ou grupo de acionistas exerçam votos em número superior a 10% da quantidade de ações em que se divide o capital votante da empresa. Para a AGU, essa regra só seria aplicável às ações adquiridas após a desestatização da Eletrobras, o que excluiria a União. Dessa forma, para quem comprou ações depois da privatização, a regra da Lei da Desestatização continuaria válida.

Diante do impasse, o ministro Nunes Marques encaminhou a questão para a conciliação que ocorre desde 2023.

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