Com Lula em queda, direita se empodera e trilha caminhos ao Planalto em 2026; saiba quais


Políticos de direita não admitem publicamente, mas Bolsonaro interdita debate do sucessor e atrapalha planos da direita de voltar ao poder, que repete que só há chance se chegar unida. Michelle Bolsonaro e Jair Bolsonaro em imagem do dia 6 de maio de 2023
André Ribeiro/Futura Press/Estadão Conteúdo
No jogo da política, assim como na vida, expectativa move mundos e peças do tabuleiro. Desde que Bolsonaro foi derrotado em 2022 e após janeiro de 2023, seu grupo político está às voltas com a defesa do ex-presidente — investigado, entre outros, por uma tentativa de golpe de Estado.
E com o discurso uníssono de que — mesmo inelegível — em 2026 só existe um candidato da direita e ele se chama Jair Bolsonaro. Mas, na prática, a realidade e a movimentação de bastidor são outras.
Ninguém na direita vai admitir publicamente, mas há um consenso entre players do campo político: Bolsonaro interdita o debate sobre o sucessor — e racha a direita.
Por isso, o ideal seria que ele — cabo eleitoral importante, líder fundamental para atrair votos para a direita — tirasse o time de campo e abençoasse um candidato.
Mas ele não o fará, a julgar pelo que dizem seus familiares e também principais aliados, muito pelo contrário: esticará a corda e pode implodir a chance de unir a direita no timing necessário para um projeto competitivo na disputa eleitoral, na avaliação de fontes ouvidas pelo blog.
Por isso, também não vão admitir jamais publicamente, mas a opinião corrente nos bastidores é de que será o avanço da denúncia na PGR e um possível desfecho com prisão as únicas coisas que podem pressionar Bolsonaro a antecipar uma saída política e escolha de um sucessor.
Clique aqui para seguir o canal do blog da Andréia Sadi no g1
Eis os cenários na mesa levantados pelo blog:
➡️ Plano A é Bolsonaro. Plano B é o Plano A: A prioridade de Bolsonaro, hoje, é esticar a corda, registrar sua candidatura e transformar em guerra política o embate jurídico no TSE — que já o declarou inelegível. Se repetir o roteiro do presidente Lula em 2018, a estratégia de Bolsonaro pode implodir os prazos para que um candidato de fora da família — como o governador Tarcísio — se descompatibilize do governo de São Paulo, tirando Tarcísio da disputa presidencial em 2026.
➡️ Em nome do pai, a família: Não existe, hoje, quase nenhum político do campo da direita que acredite que Bolsonaro apoie um nome que não tenha o sobrenome Bolsonaro. Mesmo sem ter uma relação pessoal excelente, parte do grupo familiar de Bolsonaro admite que o nome mais competitivo é o de Michelle. E que, se o ex-presidente for preso, já existe uma expectativa de um roteiro de exploração política da prisão, tendo à frente a ex-primeira dama. Nesse cenário, o governador Tarcísio poderia compor a vice, no desenho bolsonarista. Falta combinar com o governador.
➡️ O governador de SP: É o nome mais competitivo entre os governadores e aliados de Bolsonaro. E vive pressão da direita para largar uma possível reeleição ao Palácio dos Bandeirantes para arriscar a disputa pelo Palácio do Planalto. Mas Tarcísio jamais sairá sem a benção de Bolsonaro, pois repete a quem quiser ouvir que só existe politicamente por causa do ex-presidente e é leal a ele. Teme repetir também o efeito Doria, ou seja, passar a imagem de que está usando o governo como trampolim para voos maiores. Mas, se a popularidade de Lula não se recuperar, Tarcísio sabe que a pressão para que ele saia à presidência vai aumentar.
➡️ Bolsonaro apoia Tarcísio: Se Bolsonaro, condenado e preso, decidir ungir Tarcísio candidato, estará na mesa algumas condições, no relato de familiares e aliados de Bolsonaro: compromisso com uma eventual anistia, se eleito. No Palácio dos Bandeirantes, o governador se equilibra entre os radicais e acenos ao centro. Como candidato ao Planalto, terá de carregar Bolsonaro pois, diferentemente do ex-presidente, o governador carrega feridos.
➡️ Marçal, Gusttavo Lima: Outsiders podem embolar o meio de campo em 2026, como Marçal fez na eleição de 2024. Pesquisa Quaest mostrou Lima competitivo. Se estiverem aptos a concorrer, podem atrapalhar os plano de união da direita, se não houver amarrações entre os partidos.
➡️ Outros governadores: Ronaldo Caiado e Ratinho Jr se colocaram à disposição. Caiado, por não ter perspectiva de apoio de Bolsonaro, teria que sair candidato amarrando apoios de partido do centrão e de centro. Ratinho Jr tem boa relação com o ex-presidente.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.