Brasil segue sob a mira do tarifaço dos EUA, mas boa notícia é talvez não para agora

O Brasil continua sob a mira da metralhadora-giratória tarifária de Donald Trump, para a preocupação do governo e do setor produtivo nacional. O plano de reciprocidade no comércio anunciado por Washington nesta quinta-feira (13/2) tem por objetivo taxar os países que cobram tarifas mais altas do que as americanas na mesma proporção. O Brasil está entre eles. O país cobra tarifas no limite previsto da OMC de 35%, o que é considerado alto.

No caso específico dos EUA, a taxa média aplicada sobre o que importa dos americanos é menor do que isso. Está entre 13% e 15%. A que os EUA cobram do Brasil não passa de 3%. Isso torna o país alvo. Trump citou o nominalmente no comunicado cuja redação beira o exótico com as justificativas do plano, onde se refere-ao caso específico do etanol.

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“A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil impõe uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões para o Brasil”, disse a nota da Casa Branca, que estima em US$ 2 bilhões por ano o custo das empresas americanas com tarifas e barreiras desiguais.

Trata-se de mais uma ameaça para tentar arrancar vantagens em novas negociações. Muito do que está ali pode sequer sair do papel. Para o Brasil, neste momento, há duas boas notícias. A primeira é que não é para agora, e os mercados entenderam isso. Por isso, pouco oscilaram. A ideia é levantar todas as barreiras tarifárias, ou não, e subsídios aplicados pelos países sem contrapartida americana para traçar um plano de retaliação que entraria em vigor, ironicamente, a partir de primeiro de abril.

A segunda, e mais importante — pelo menos é a isto que o governo brasileiro se agarra —, é que os alvos prioritários serão os países com os quais têm maior déficit. E, com o Brasil, os EUA tem seu sexto maior superávit. Na linha de tiro, neste momento, estão os europeus, o Japão e a Índia.

Entre as justificativas enumeradas no texto, a Casa Branca destaca em caixa alta que os EUA não vão mais tolerar práticas desleais de comércio, a que atribui seu grande e persistente déficit comercial. Diz que “a reciprocidade de tarifas vão trazer de volta justiça e prosperidade ao sistema de comércio internacional distorcido e fazer com que não se aproveitem mais dos americanos”. E termina com trecho, também em caixa alta, sobre “a arte do acordo internacional”, em que enfatiza que Trump continua a mostrar resultados no mandato que lhe foi dado pelo povo americano para implementar o America First quando se trata de comércio”.

Em linguagem pouco diplomática, o documento ainda lembra que, “em resposta ao roubo de propriedade intelectual pela China, transferência de tecnologia forçada e outros comportamentos não razoáveis, o presidente Trump agiu com convicção ao impor tarifas sobre importações da China, usando seu peso para chegar a um acordo econômico bilateral histórico”.

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