Reforma ministerial e eleições 2026 devem dominar dinâmica entre Poderes

Superada a eleição do comando do Congresso para o próximo biênio, a reforma ministerial deve dominar as articulações com o governo ao longo do mês. O JOTA ouviu dezenas de parlamentares nos últimos dias para entender a percepção majoritária de lideranças de centro e a primeira está relacionada ao timing. Há um reconhecimento de que o presidente Lula tem apego ao atual time de ministros, o que pode estender a janela de negociação pela nova Esplanada.

Por isso, a pressão pública de expoentes da cena partidária, como o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e o presidente do PSD, Gilberto Kassab, deve crescer no noticiário nos próximos dias.

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O diagnóstico de partidos de centro é de que serão necessárias mudanças expressivas, o que até aqui enfrenta a resistência do próprio presidente da República e do PT. A começar pelo Palácio do Planalto, a ida da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para a Secretaria-Geral da presidência é dada como certa em Brasília. E sobretudo entre lideranças da Câmara, a chegada da então presidente do partido é vista com bons olhos, já que Hoffmann soube construir pontes nos bastidores com os principais nomes da Casa.

Para além dela, o centrão vê necessidade de mudança tanto na Casa Civil quanto na Secretaria de Relações Institucionais (SRI), responsável pela articulação política.

No caso da pasta de Rui Costa, cresceu a especulação em torno de uma troca , embora não haja nenhum sinal de que Lula esteja disposto a trocar o aliado de primeira hora. Na lógica de lideranças de centro, o PT poderia seguir à frente do ministério, mas com um perfil mais habilidoso nas negociações com a política. O quadro citado até aqui é o do ministro da Educação, Camilo Santana, nome que também vem ganhando força dentro do PT nos cenários de sucessão de Lula.

Já o ministério comandado por Alexandre Padilha é dado como certa a troca pelo centrão. A cúpula do Legislativo deve levar a Lula o nome do líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (MDB-AL) para assumir o cargo. O deputado emedebista é visto como uma promessa de melhora no diálogo com o Congresso, se houver ‘tinta na caneta’ para executar os acordos orçamentários, de acordo com fontes. No caso de Padilha, a troca poderia fazer com que assumisse o ministério da Saúde.

O destino dos ex-presidentes da Câmara e do Senado também deve ser discutido nas próximas semanas. No caso de Arthur Lira (PP-AL), o ministério da Agricultura é um destino citado dentro do governo, mas há dúvidas no entorno do deputado sobre a disposição dele em assumir a função, já que precisaria de desincompatibilizar no ano que vem para disputar o Senado.

Rodrigo Pacheco, por sua vez, deve ganhar um assento na Esplanada. O novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ainda não desistiu de emplacar o aliado no Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJ). Mas outra saída citada no governo é para que Pacheco assuma o Ministério de Indústria e Desenvolvimento e Comércio (MDIC).

Isso implicaria em realocar o vice-presidente Geraldo Alckmin. O nome do ex-tucano é citado na Defesa, mas fontes do Congresso apostam que a saída do atual ministro, José Múcio Monteiro, só deve ocorrer no fim do ano.

Mudanças no ministério de Ciência e Tecnologia, além de Minas e Energia, são especuladas por políticos para acomodar o PSD. A legenda queria ocupar o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), o que já foi negado pelo governo. O MME atualmente é controlado por Alexandre Silveira, uma indicação original da bancada do partido no Senado. Mas o nome dele não seria mais avalizado por Pacheco e Alcolumbre.

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Seja como for, há uma percepção majoritária no Congresso de que a desorganização no campo da direita pode comprometer o sucesso de um nome adversário a Lula em 2026. O cenário traçado é de que Jair Bolsonaro deve tumultuar o processo registrando a candidatura e colocando um filho na vice-presidência. Dessa forma, em uma provável eleição de dois turnos, Lula surge como o nome que pode chegar na disputa em vantagem, mesmo em meio ao pior momento do governo de acordo com as pesquisas.

Como o centrão é um bloco que costuma navegar com inteligência, e na expectativa do poder é melhor chegar primeiro “para beber água limpa”, a extensão da troca na Esplanada pode ser um indicativo do apetite do bloco para apadrinhar um Lula 4. Afinal de contas, como o próprio presidente da República disse, 2026 já começou.

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