Como fica o Brasil com a saída dos Estados Unidos da OMS?

Desde que o presidente dos Estados Unidos Donald Trump anunciou a saída do país da Organização Mundial da Saúde (OMS), na última segunda-feira (20/1), autoridades sanitárias e especialistas buscam identificar qual será o impacto para a saúde mundial.

O primeiro reflexo é evidente. Ao tomar a decisão, já no dia de posse e disparando críticas sobre a atuação da OMS, Trump plantou uma semente de desconfiança entre grupos que não têm consolidado a importância da instituição, fundada em 1948 com objetivo de ajudar países a enfrentar desafios em saúde. Cria-se, com isso, material e ambiente propício para desinformação em saúde.

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As questões práticas não são menos importantes. Os Estados Unidos são responsáveis por cerca de 20% do orçamento da OMS. A perda destes recursos trará uma dificuldade para rede de pesquisa e para operacionalização de programas de vigilância e enfrentamento de doenças infecciosas. Os Estados Unidos têm uma importante contribuição, por exemplo, para programas de eliminação da poliomielite e para resposta às crises humanitárias de emergência.

O esforço, agora, é tentar reduzir esse impacto.

A OMS espera que os Estados Unidos reconsiderem a decisão. Caso isso não ocorra, a instituição pode enfrentar dificuldades, mas sobreviverá, avaliam especialistas ouvidos pelo JOTA. Seja por meio de corte pontual em programas, seja com a busca de novas fontes de financiamento.

O exemplo da Covid-19 já deixou claro que a saúde é mundial. A ideia de um país livre de riscos, que já era considerada frágil por especialistas muito antes da pandemia, foi definitivamente abandonada a partir de 2020.

Desta forma, ao se fragilizar o sistema de vigilância epidemiológica, pesquisa e troca de informações, a saúde mundial perde.

Mas há questões pontuais. No caso do Brasil, a redução de recursos da Organização Mundial da Saúde pode trazer reflexos negativos na estruturação de respostas às emergências.

No caso de tuberculose e HIV, há recursos vindos tanto de programas globais quanto da Organização Pan-Americana de Saúde, instituição cujo financiamento foi preservado por Trump.

O Brasil tem uma relação muito próxima com a OPAS, traduzida pela grande quantidade de programas de cooperação técnica.

Os acordos vão desde fortalecimento de ações de vigilância de doenças não transmissíveis, fortalecimento de assistência farmacêutica do SUS a ações de prevenção da malária e outras doenças negligenciadas, por exemplo.

Todas essas ações, assim como o acesso ao Fundo Rotatório de Vacinas estão preservados. O anúncio feito por Trump referia-se à OMS e não à Opas.

A percepção é de que esses limites serão mantidos, uma vez que as justificativas para saída da OMS não se aplicam à OPAS.

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