Ex-presidente mandou vídeo para evento com a presença de Nunes; aliados veem ‘jogo duplo’ com Marçal como ‘tiro no pé’ do ex-presidente. Bolsonaro aparece em vídeo durante evento com Nunes
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O ex-presidente Jair Bolsonaro apareceu nesta quinta-feira (12) em um vídeo declarando apoio ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição na capital paulista. No início da campanha, Bolsonaro fez elogios ao candidato Pablo Marçal (PRTB), embaralhando e confundindo a base.
Para aliados, Bolsonaro só percebeu de fato o tiro no pé após a manifestação de 7 de Setembro, quando o núcleo bolsonarista viu que o candidato do PRTB tentou dividir ainda mais a base, sendo visto como um “oportunista”.
A reaproximação ocorre no mesmo dia de divulgação da pesquisa Datafolha, que mostra evolução de Nunes, saindo de 22% para 27%, ficando numericamente à frente dos adversários, mas empatado tecnicamente tanto com Marçal (19%) como com Guilherme Boulos (Psol), que tem 25%.
Para entender essa relação entre Bolsonaro, Nunes e Marçal, é preciso voltar ao início da disputa eleitoral. Antes mesmo da campanha, o ex-presidente disse em entrevista que Nunes nunca foi o candidato dos sonhos dele. Claramente fazendo um sinal para Marçal, que recebeu alguns elogios. Isso caiu uma bomba na campanha do atual prefeito.
Com esse movimento, Nunes passou a investir cada vez mais na presença de Tarcísio de Freitas (Republicanos), que é visto como um bolsonarista puro, mas que não possui a rejeição que o ex-presidente tem. Foi aí que Tarcísio entrou de corpo e alma na campanha eleitoral, inclusive aparecendo em vídeos para a TV.
Após esse segundo ato, vieram as pesquisas eleitorais Quaest e Datafolha, que apontavam recuperação nos números de Nunes:
A Quaest mostrou que Nunes, que vinha em tendência de queda (24% em junho, 21% em julho e 19% em agosto) oscilou para cima, e registrou 24%, mantendo-se em empate técnico com Boulos e Marçal;
O Datafolha, como citato acima, também mostrou oscilação positiva de Nunes, para 27%, empatado com Boulos (25%) e à frente de Marçal (19%).;
Os levantamentos foram feitos em dias diferentes: Quaeste entre de setembro e, Datafolha, entre 10 e 12 de setembro. Além disso, usam métodos diferentes.
Após os números do Datafolha desta quinta, a campanha passou a ver como um freio no avanço de Marçal e, em paralelo a isso, entrou em jogo o pastor Silas Malafaia, atacando o candidato do PRTB nas redes sociais, onde até então Marçal reinava soberano.
Nos bastidores, campanha de Nunes avalia que ‘trapalhada’ de Bolsonaro acabou ajudando neste momento e, após a divulgação do vídeo, o entendimento é de que agora o apoio não é tão definitivo assim- embora importante não romper nem se afastar.
Nesse jogo de poder, a figura que perde influência é a do ex-presidente Bolsonaro. Por outro lado, quem ganha é Tarcísio, principalmente se conseguir emplacar Ricardo Nunes.
Do lado de Bolsonaro, assessores mais próximos reconhecem que o jogo de poder no começo da campanha foi um movimento errático e agora é hora de reavaliar as estratégias.
Como foram feitas as pesquias:
Datafolha: A pesquisa, encomendada pela Folha de S.Paulo, foi realizada entre 10 e 12 de setembro e entrevistou presencialmente 1.204 pessoas acima de 16 anos na cidade de São Paulo. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no TSE sob o número SP-07978/2024.
Quaest: A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo SP-09089/2024. O levantamento ouviu 1.200 pessoas entre 8 e 10 de setembro. O nível de confiança é de 95%.A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
