A temporada de festas juninas já começou e pode ir muito além da diversão para quem empreende. Considerada a segunda celebração mais popular do país – só perde para o Carnaval –, os festejos são uma oportunidade para transformar a forte tradição cultural e o clima festivo em oportunidades de negócios em diversos segmentos, especialmente, alimentação, vestuário e decoração temática.
Pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva, em parceria com o QuestionPro, aponta que 81% da população pretende participar de alguma atividade relacionada à data neste ano. De acordo com o levantamento, a maioria dos brasileiros (52%) estima gasto máximo de R$ 200.
O dinheiro será direcionado para a compra de alimentos, bebidas, roupas, adereços e ingressos para festas e eventos de rua, quermesses e encontros familiares ou eventos escolares. Nas regiões Nordeste e Sudeste, os gastos superam os R$ 200 para 46% e 41% da população, respectivamente.
As festas juninas são, sem dúvida, uma grande oportunidade do calendário comercial brasileiro. Com uma caraterística exclusiva da cultura brasileira, tem uma extensa agenda repleta de festividades que perduram por mais de dois meses. É um período em que pequenas empresas e o varejo em geral podem impulsionar significativamente seu faturamento com planejamento estratégico e criatividade.
Flávio Petry, analista de Competitividade do Sebrae.
Navegue nas tendências
O analista do Sebrae Nacional acrescenta que é possível inovar e se destacar para chamar atenção do cliente. “O consumidor tem buscado cada vez mais experiências imersivas e se engajam com o propósito dos movimentos criados. O empreendedor deve navegar nessas tendências ofertando soluções práticas que atendam a esses desejos”, esclarece.
Segundo Petry, buscar parcerias locais, participação em eventos e ações de marketing temáticas podem potencializar a visibilidade do negócio com resultados positivos. “Procure as associações comerciais, de moradores, comunidades organizadas, escolas, igrejas, que são locais que geralmente promovem festividades comemorativas e costumam gerar oportunidades para comerciantes e empreendedores”, recomenda. Outras opções, sugere o analista as ações de marketing digital, parcerias promocionais com expositores de eventos e campanhas colaborativas.

Paixão que virou negócio
Em Niterói (RJ), a empreendedora Paola Lohmann herdou do pai a paixão pelas festas juninas e a celebração se tornou uma tradição na família que sempre valorizou momentos de estar junto e receber bem as pessoas. Na adolescência, ela e as amigas começaram a organizar arraiais que em pouco tempo se tornaram conhecidos na cidade. “No boca a boca, as festas começaram a atrair mais de mil pessoas e ganharam uma dimensão muito grande”, relembra.
Depois de alguns anos, as amigas optaram por outros caminhos, mas ela seguiu promovendo as festas juninas. Foi assim que nasceu a empresa “Até o Sol Raiar” – especializada em eventos temáticos sociais e corporativos. Com amplo portfólio, o negócio se destaca por oferecer uma experiência completa ou serviços separadamente, como o casamento caipira, por exemplo. “Nossas festas resgatam a tradição e a cultura brasileira que é tão diversa. A culinária é típica com receitas de avó”, comenta.

Com mais de 500 eventos realizados, o pequeno negócio mantém viva a tradição há mais de 20 anos com um olhar inclusivo de geração de renda e trabalho para outros empreendedores. Segundo Paola, durante a temporada, ela contrata fornecedores de diversos serviços nas áreas de decoração, montagem, transporte, cozinha, confeitaria, entre outros.
Tenho mais duas pessoas na equipe para me ajudar no atendimento e gestão do negócio, mas a maioria são contratados por temporada. São pessoas que estão comigo há muitos anos, como é o caso do senhor Ademir que, nesta época, faz serviço de frete exclusivamente para mim.
Paola Lohmann, empreendedora.
Ela conta que, ao longo dos anos, a empresa passou por várias fases, assim como sua vida profissional. Formada em Turismo, ela é professora universitária e pesquisadora na área. “O empreendedorismo já foi minha única renda no período em que fiz transição de carreira. Trabalhei 10 anos em uma empresa de consultoria”, explica.
Mesmo dedicada à vida acadêmica, Paola não renuncia ao negócio por acreditar no potencial do empreendedorismo na vida das pessoas. “Eu acredito no empreendedorismo social. Nesses 20 anos, já dei oportunidade para muitas pessoas que cresceram comigo, como uma colaboradora que abriu uma empresa de recreação e um prestador de serviço de buffet que conseguiu mais clientes depois de participar dos nossos eventos”, orgulha-se.