Por que diversidade também se escolhe na cadeia de suprimentos

***Por Carolina Cabral, CEO da Nimbi

A pauta “diversidade” já conquistou espaço nas estratégias de RH, com metas de contratação, ações afirmativas e programas de desenvolvimento voltados à equidade. Mas há um setor onde essa conversa ainda avança a passos lentos, mesmo sendo um dos mais estratégicos e com maior poder de transformação: a área de compras.

Se é verdade que a cultura de uma organização se revela em suas escolhas, poucas delas dizem tanto sobre uma empresa quanto os fornecedores que ela decide contratar.

No meu ponto de vista, escolher trabalhar com empresas lideradas por mulheres, pessoas negras, indígenas, LGBTQIA+, pessoas com deficiência ou de territórios periféricos na cadeia de suprimentos é uma decisão com potencial de impacto exponencial. É uma questão de visão estratégica.

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Em novembro de 2021, o país tornou permanente a U.S Department of Commerce Minority Business Development Agency (MBDA), agência do governo americano dedicada exclusivamente ao crescimento e competitividade de negócios controlados por grupos minoritários.

De acordo com a agência, existem mais de 9 milhões de negócios controlados por grupos minoritários nos Estados Unidos, que empregam mais de 8 milhões de pessoas e geram 1,8 trilhões de dólares em receitas anualmente.

Embora não existam leis específicas ou regras disseminadas de entidades de fomento para as classificações de fornecedores diversos feitas no Brasil, sabemos que fomentar esse ecossistema é uma maneira concreta de estimular a inclusão produtiva, gerar renda em comunidades historicamente excluídas e promover desenvolvimento econômico com impacto social direto.

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A diversidade no supply chain impulsiona inovação, amplia repertórios e aumenta a capacidade da empresa de se conectar com diferentes públicos e realidades (Foto: GettyImages/Reprodução)

Cada decisão de compra é uma engrenagem que movimenta cadeias inteiras, com consequências sociais, ambientais e econômicas. Quando uma grande empresa opta por contratar um fornecedor diverso, ela está também ajudando a gerar empregos, fomentar novos negócios e redistribuir oportunidades.

É aí que entra o conceito de compras com propósito: usar o poder de consumo corporativo de forma intencional, considerando não apenas preço e prazo, mas também o impacto que cada contrato gera no mundo.

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Vale destacar que a diversidade na cadeia de suprimentos não é apenas um valor ético, mas uma alavanca de competitividade. Fornecedores diversos trazem soluções criativas, olhar atento às necessidades sociais e maior agilidade nos processos. Isso sem falar no diferencial reputacional em mercados e sociedades que valorizam cada vez mais o compromisso com ESG.

Incluir critérios de diversidade nas políticas de compras é uma evolução natural para empresas que realmente levam a sério a sustentabilidade, a inovação e a responsabilidade social.

A área de compras ocupa um lugar de poder que não pode mais ser ignorado no debate sobre diversidade. Enquanto o RH contrata, a área de compras financia e quem a gente financia importa – e muito. Se queremos um futuro mais justo, inovador e representativo, é preciso colocar propósito também nas decisões de aquisição. Porque diversidade se pratica com discurso, com ação e, principalmente, com orçamento.

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