Os verdadeiros riscos do trabalho noturno para a saúde: ‘Quem trabalha à noite não tem mais vida’!

O trabalho noturno é uma realidade para muitos brasileiros, representando cerca de 10% da força de trabalho do país. Profissionais como motoristas de aplicativo e operadores de pedágio enfrentam desafios únicos ao inverterem seus horários de atividade e descanso. Essa mudança pode ter efeitos significativos na saúde, como observado por Simone Camargo, motorista de aplicativo, que relatou aumento de peso e cansaço após adotar a jornada noturna.

Claudia Moreno, pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), destaca que o ser humano é naturalmente adaptado ao ciclo diurno. O ciclo circadiano, nosso relógio biológico, é sincronizado com a alternância entre dia e noite. Trabalhar à noite pode desregular esse ciclo, impactando funções corporais essenciais, como a liberação de hormônios e a digestão.

Os verdadeiros riscos do trabalho noturno para a saúde: 'Quem trabalha à noite não tem mais vida'!
Trabalhador cansado – Créditos: depositphotos.com / Elnur_

Quais são os efeitos do trabalho noturno na saúde?

Trabalhadores noturnos enfrentam uma série de riscos à saúde. Estudos indicam que essa população está mais suscetível a doenças cardiovasculares, distúrbios gastrointestinais e metabólicos, além de problemas de saúde mental. Ada Ávila Assunção, professora de saúde pública da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que o corpo humano não está preparado para funcionar em alta performance durante a noite, o que pode levar a consequências graves.

Um estudo francês publicado no International Journal of Cancer revelou que mulheres que trabalham à noite têm maior probabilidade de desenvolver câncer de mama. A exposição à luz artificial durante a noite pode interferir na produção de melatonina, um hormônio crucial para o ciclo do sono, aumentando o risco de câncer devido à elevação dos níveis de estrogênio.

Como o sono diurno afeta a qualidade de vida?

O sono diurno é frequentemente menos reparador do que o noturno, resultando em um descanso inadequado. Francisco Cortes Fernandes, presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), afirma que adultos precisam de seis a oito horas de sono por dia. No entanto, a vida social e responsabilidades diurnas podem reduzir o tempo de descanso dos trabalhadores noturnos, levando a um acúmulo de déficit de sono.

Além disso, a fragmentação do sono em múltiplos períodos durante o dia pode agravar esse déficit, contribuindo para o desenvolvimento de condições como insônia. A longo prazo, essa privação de sono pode aumentar o risco de obesidade, hipertensão e outros problemas de saúde.

Quais são os direitos dos trabalhadores noturnos no Brasil?

No Brasil, a legislação trabalhista estabelece proteções específicas para trabalhadores noturnos. Menores de 18 anos são proibidos de trabalhar à noite, e os adultos têm direito a um adicional noturno de até 20% sobre o valor da hora trabalhada. Além disso, a hora noturna é computada como 52 minutos e 30 segundos, em vez dos 60 minutos da hora diurna, resultando em um pagamento adicional ao final da jornada.

Essas medidas visam mitigar os impactos negativos do trabalho noturno na saúde dos trabalhadores. No entanto, especialistas como Francisco Cortes Fernandes alertam para a importância de evitar jornadas prolongadas e consecutivas durante a noite, a fim de preservar a saúde e o bem-estar dos empregados.

O post Os verdadeiros riscos do trabalho noturno para a saúde: ‘Quem trabalha à noite não tem mais vida’! apareceu primeiro em Terra Brasil Notícias.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.