Lei libera idosos do pagamento dessas dívidas e brasileiros comemoram; veja regras

A Lei do Superendividamento, sancionada em 2021 por Jair Bolsonaro, trouxe mudanças significativas para o Código de Defesa do Consumidor no Brasil. Seu principal objetivo é oferecer mecanismos de proteção e tratamento para consumidores que se encontram em situação de superendividamento. Essa condição ocorre quando uma pessoa física não consegue pagar suas dívidas de consumo sem comprometer o mínimo necessário para uma vida digna, como alimentação, moradia e saúde.

Essa legislação é especialmente relevante para idosos, que muitas vezes enfrentam dificuldades financeiras devido a aposentadorias limitadas ou despesas médicas crescentes. A lei busca garantir que esses consumidores possam renegociar suas dívidas de forma mais justa, sem comprometer sua subsistência.

Quem pode se beneficiar da Lei do Superendividamento?

Para se beneficiar da Lei do Superendividamento, é necessário que o consumidor demonstre que suas dívidas foram contraídas com a intenção de pagamento e para atender a necessidades básicas. Isso significa que dívidas adquiridas para a compra de bens de luxo não são contempladas. Além disso, o consumidor deve provar que não consegue quitar suas dívidas sem comprometer seu mínimo existencial.

As dívidas consideradas na lei incluem contas de consumo, como água, telefone e internet, além de boletos, carnês de consumo, crediários, empréstimos pessoais e financiamentos de bens de consumo. No entanto, dívidas com garantia real, como penhor ou hipoteca, financiamento imobiliário, dívidas fiscais e pensão alimentícia não são abrangidas pela lei.

Lei libera idosos do pagamento dessas dívidas e brasileiros comemoram; veja regras
Salário – Créditos: depositphotos.com / rafapress

Quem pode se beneficiar:

  • Pessoas físicas (não empresas): A lei se aplica exclusivamente a indivíduos, não a pessoas jurídicas.
  • Devedores de boa-fé: É fundamental que as dívidas tenham sido contraídas de forma honesta, ou seja, a pessoa tinha a intenção de pagar, mas, por algum motivo imprevisto, não consegue mais honrar seus compromissos. Não se aplica a dívidas contraídas com má-fé ou fraude.
  • Superendividados: Caracteriza-se quando o consumidor não consegue mais pagar a totalidade de suas dívidas sem comprometer seu “mínimo existencial” – uma quantia mínima de renda necessária para despesas básicas como alimentação, moradia, saúde, educação e transporte.
  • Idosos: A lei trouxe alterações ao Estatuto do Idoso, oferecendo proteção especial a esse grupo, que muitas vezes é alvo de assédio para a contratação de crédito.
  • Outros grupos vulneráveis: Pessoas enfermas, analfabetos, entre outros, também são considerados em situação de vulnerabilidade agravada e recebem proteção especial da lei.

Tipos de dívidas que podem ser renegociadas:

A maioria das dívidas de consumo pode ser incluída no processo de renegociação, como:

  • Empréstimos bancários (pessoais, cheque especial, cartão de crédito)
  • Contas de consumo (água, luz, telefone, gás)
  • Crediários e compras parceladas
  • Boletos e carnês relacionados a consumo

Dívidas que NÃO podem ser renegociadas pela lei:

  • Impostos e demais tributos
  • Pensão alimentícia
  • Crédito habitacional (prestação da casa própria)
  • Crédito rural
  • Dívidas decorrentes de produtos e serviços de luxo

Como negociar as dívidas?

O processo de renegociação sob a Lei do Superendividamento começa com a solicitação do consumidor junto aos órgãos de defesa do consumidor, como o Procon. Uma vez que o consumidor é reconhecido como superendividado, é possível iniciar um processo de conciliação com os credores. O objetivo é chegar a um acordo que permita o pagamento das dívidas sem comprometer o mínimo existencial do devedor.

Durante esse processo, é importante que o consumidor apresente toda a documentação necessária para comprovar sua situação financeira. Isso inclui comprovantes de renda, despesas e todas as dívidas existentes. A transparência é fundamental para que o acordo seja justo e viável para ambas as partes.

1. Organize suas informações:

  • Levantamento de todas as dívidas: Liste todos os seus credores, os valores devidos, as datas de vencimento, os juros e as condições atuais de cada dívida.
  • Renda e despesas: Organize sua renda mensal e todas as suas despesas essenciais para demonstrar que você realmente está superendividado e qual o valor que sobra para o pagamento de dívidas (se sobrar algo).

2. Procure auxílio:

Você pode buscar ajuda em órgãos como:

  • Procon: O Procon da sua cidade pode auxiliar na mediação e na organização das informações.
  • Defensoria Pública: Se você não tiver condições de pagar um advogado, a Defensoria Pública pode te representar judicialmente.
  • Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC): Muitos tribunais possuem CEJUSCs que realizam audiências de conciliação.
  • Advogado particular: Se você puder, contratar um advogado especializado em direito do consumidor pode otimizar o processo.

3. Inicie o processo de repactuação:

  • Audiência de Conciliação: O processo geralmente começa com um pedido ao juiz (ou órgão de conciliação, como o Procon ou CEJUSC) para a instauração de um processo de repactuação de dívidas. O juiz convocará uma audiência de conciliação com todos os seus credores.
  • Proposta de Plano de Pagamento: É sua responsabilidade apresentar uma proposta de plano de pagamento para os credores. Esse plano deve ser realista, considerando sua capacidade financeira atual e preservando seu mínimo existencial. O prazo máximo para pagamento é de cinco anos, com a primeira parcela podendo ser paga em até 180 dias após a homologação judicial.
  • Mediação: Durante a audiência, o juiz ou conciliador tentará mediar um acordo entre você e seus credores. O objetivo é que todos os credores aceitem um plano de pagamento que seja justo para você e que lhes permita receber o que lhes é devido.
  • Consequências para os credores: Se um credor não comparecer à audiência sem justificativa, ou se não apresentar uma proposta de renegociação adequada, pode haver sanções, como a suspensão da exigibilidade do débito, a interrupção dos encargos de mora e até mesmo a sujeição compulsória ao plano de pagamento proposto pelo consumidor.

4. Plano Judicial Compulsório (se não houver acordo):

  • Se não for possível chegar a um acordo na audiência de conciliação com todos os credores, você pode pedir ao juiz a instauração de um processo por superendividamento. Nesse caso, o juiz poderá revisar e integrar os contratos e determinar um plano de pagamento compulsório, que será imposto aos credores.

Dicas importantes:

  • Seja transparente: Apresente todas as informações financeiras de forma clara e honesta.
  • Seja realista: Proponha um plano de pagamento que você realmente consiga cumprir.
  • Evite novas dívidas: Enquanto estiver no processo de renegociação, evite contrair novas dívidas.
  • Educação Financeira: A Lei do Superendividamento também visa promover a educação financeira para evitar que as pessoas voltem a essa situação.

Quais são os benefícios da Lei do Superendividamento?

A principal vantagem da Lei do Superendividamento é a possibilidade de renegociar dívidas de forma mais humana e justa. Isso significa que o consumidor pode evitar medidas extremas, como a execução judicial de bens, e garantir que suas necessidades básicas sejam preservadas.

Além disso, a lei promove a educação financeira, incentivando os consumidores a adotarem práticas mais saudáveis de gestão de suas finanças. Isso pode incluir a participação em cursos e workshops oferecidos por órgãos de defesa do consumidor, que visam melhorar o planejamento financeiro pessoal.

Como a Lei do Superendividamento impacta a sociedade?

A implementação da Lei do Superendividamento tem um impacto positivo na sociedade ao promover a inclusão financeira e a proteção dos direitos dos consumidores. Ao garantir que as pessoas possam renegociar suas dívidas de forma justa, a lei contribui para a redução da pobreza e da desigualdade social.

Além disso, ao incentivar práticas de consumo mais responsáveis e conscientes, a lei ajuda a criar uma cultura de consumo sustentável, onde as pessoas são mais conscientes de suas decisões financeiras e das consequências de suas ações.

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