O influenciador digital Luiz Ricardo Melquiades, vencedor do reality show ‘A Fazenda’ optou dez vezes pelo direito ao silêncio em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que busca investigar as empresas de apostas online (bets). Na terça-feira (13/5), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes concedeu o pedido de Habeas Corpus, permitindo que o influenciador ficasse em silêncio.
A convocação de Melquiades foi justificada “em razão de seu envolvimento na Operação Game Over 2, deflagrada pela Polícia Civil de Alagoas, que apura a promoção irregular de jogos de azar online por meio de influenciadores digitais”, diz o requerimento. A operação tem como foco o jogo do tigrinho, modalidade de apostas não autorizada.
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Rico afirma que atualmente tem contrato vigente apenas com a Zeroum Bet, empresa fundada pela influenciadora Deolane Bezerra. Ele negou ter lucrado com as perdas de apostadores em bets divulgadas por ele. “Eu nunca ganhei por perdas ou ganhos de outras pessoas. Eu tenho um valor fixo e é aquele valor que eu recebia”, disse.
Durante a oitiva, a relatora, Soraya Thronicke (Podemos-MS) pediu para o influencer abrir e apostar no jogo do tigrinho da empresa que possui contrato hoje. Depois, pediu para que ele recuperasse o dinheiro da plataforma em sua conta pessoal.
Uma das perguntas que não tiveram resposta é se ele confirmaria ter confessado promover apostas ilegais. O senador Izalci Lucas afirmou que teve acesso à documentação que mostra que o influencer, no âmbito da investigação que motivou a convocação, “confessou sua participação nos crimes de associação criminosa e falsidade ideológica no contexto da promoção do jogo do tigrinho”. O influenciador afirmou que este documento é sigiloso.
Os senadores perguntaram duas vezes qual o valor que o depoente teria recebido anualmente em contratos com bets e Ricardo optou por ficar em silêncio.
O depoente também afirmou que sentiu um tratamento diferente em relação ao dado à influenciadora Virgínia Fonseca na manhã de ontem (13/5). Na ocasião, o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) fez elogios à influenciadora e pediu uma foto. Após a oitiva, os senadores tiraram fotos com a celebridade. A atitude dos senadores gerou a percepção de que a situação foi utilizada, também, para aumentar a audiência e alcance da CPI.
Durante a reunião, os parlamentares criticaram a atuação do STF em relação aos convocados a depor na CPI. Em 9 de abril, o ministro André Mendonça concedeu liminar desobrigando a influenciadora Deolane de comparecer à CPI. Já na segunda-feira (12/5), por exemplo, o ministro do STF Gilmar Mendes atendeu parcialmente ao pedido de habeas corpus da influencer para permitir que ela pudesse permanecer em silêncio diante de fatos potencialmente incriminatórios.