A influenciadora digital Virgínia Fonseca negou nesta terça-feira (13/5) ter lucrado com prejuízo dos jogadores de apostas online. Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que busca investigar as empresas de apostas online (bets), a influenciadora afirmou que não fez qualquer acordo que atrelasse seus ganhos à derrota dos jogadores e entregou aos integrantes do colegiado, de forma sigilosa, o contrato já encerrado com a Esportes da Sorte.
Havia sido veiculado pela imprensa que Virgínia teria fechado um contrato com a empresa de apostas para receber, além do valor fixo, 30% do que os apostadores perdessem após acessarem o link divulgado por ela. Questionada, Fonseca respondeu que “era um valor fixo e se eu dobrasse o lucro eu receberia 30% a mais da empresa”. “Na época todos os meus contratos eram assim, não eram só bets”, disse.
“Meu contrato não tem nada de anormal, nem foi atingido esse valor, então não recebi um real a mais”, complementou. Atualmente a influencer não possui mais contrato vigente com a empresa em questão, apenas com a Blaze.
Assine gratuitamente a newsletter Últimas Notícias do JOTA e receba as principais notícias jurídicas e políticas do dia no seu email
A influenciadora negou qualquer sociedade com empresas de bets e disse que ficou milionária com lucro de suas marcas, como We Pink. Além disso, durante depoimento, Virgínia argumentou que sempre divulgou as publicidades citando riscos e regras, como a proibição para menos de 18 anos e o vício em jogos de azar (ludopatia).
Sobre valor recebido por casa de apostas, a influencer optou por usar o direito ao silêncio. Na segunda-feira (12/5), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes atendeu parcialmente ao pedido de habeas corpus da influencer para permitir que ela pudesse permanecer em silêncio diante de fatos potencialmente incriminatórios. No entanto, o direito foi vedado em caso de questionamentos sobre outros investigados.
Na decisão, Gilmar Mendes afirma que, “tal como ocorre em depoimentos prestados perante órgãos de persecução estatal, é assegurado o direito de o investigado não se incriminar perante as Comissões Parlamentares de Inquérito”.
No pedido de habeas corpus, impetrado na última sexta-feira (9/5), a influenciadora alega que a leitura do requerimento de convocação “escancara a sua posição de pessoa investigada”. Além disso, sustenta que há receio de que ocorra situação semelhante a da reunião realizada no dia 29 de abril, em que o então convocado, Daniel Pardim Tavares Lima, teria manifestado interesse de permanecer em silêncio e Thronicke determinou sua prisão em flagrante sob alegação de falso testemunho.
Fonseca foi convocada para depor em condição de testemunha na CPI em dezembro do ano passado, sob a justificativa de exercer forte influência em seus mais de 50 milhões de seguidores. “Como uma das maiores personalidades da internet no Brasil, Virgínia desempenha um papel central na promoção de marcas e serviços, incluindo campanhas publicitárias relacionadas a jogos de azar e apostas online”, diz o requerimento.