Uma narrativa amplamente disseminada encontra forte ressonância na população: 86% dos brasileiros concordam que “a polícia prende, mas a Justiça solta” devido a leis fracas. O sentimento é quase unânime entre os eleitores de Jair Bolsonaro (94%) e também atinge ampla maioria entre os que votaram em Lula (82%), revelando um consenso crítico ao sistema jurídico, com ênfase entre os mais conservadores.
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O recorte, divulgado nesta quarta-feira (30/4), integra a pesquisa Genial/Quaest realizada de forma presencial entre os dias 27 e 31 de março, com 2.004 entrevistados com 16 anos ou mais. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.
Violência aumentou
A maioria dos brasileiros (47%) acredita que a violência aumentou em suas cidades no último ano. Apenas 15% percebem redução, enquanto 36% dizem não ter notado mudanças. A percepção de piora é mais acentuada entre os que desaprovam o governo Lula (54%), mas também atinge uma parcela relevante dos que aprovam a gestão (38%).
Para 70% dos entrevistados, a violência e o crime organizado são problemas de alcance nacional, e não apenas regionais. Essa percepção é majoritária em todos os recortes — idade, sexo, escolaridade, religião, raça e voto — indicando que o tema mobiliza o país de forma transversal, independentemente de perfil ou posição política.
Para 85% dos brasileiros, o combate ao crime deve ser uma responsabilidade conjunta entre os governos federal e estaduais. Apenas 9% acreditam que a tarefa deve caber exclusivamente aos estados. Os dados são claros e revelam uma expectativa por coordenação entre as esferas de poder, com rejeição a soluções simplistas ou isoladas no enfrentamento à violência.
Para enfrentar o problema, o governo federal encaminhou ao Congresso a PEC da Segurança Pública (PEC 18/2025), que propõe ampliar o papel da União na coordenação do setor e reformular as competências das polícias e demais órgãos envolvidos na área.
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Avaliação do governo Lula na segurança pública
A gestão Lula é mal avaliada na área da segurança pública: 38% consideram o desempenho negativo, enquanto 25% o avaliam positivamente e 32% dizem ser regular. Em todos os recortes — por região, idade, sexo, escolaridade e renda — predomina a percepção de um trabalho insatisfatório. As avaliações positivas são minoria e se concentram em segmentos mais alinhados politicamente ao governo.
Na média, os governos estaduais têm desempenho ligeiramente melhor na área de segurança do que o governo federal: 36% aprovam sua atuação, enquanto 28% desaprovam e 29% dizem ser regular.
Guarda municipal armada
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que autoriza guardas municipais a portarem armas divide a opinião pública, mas tem apoio da maioria: 54% acreditam que a medida pode ajudar a reduzir a criminalidade. Por outro lado, 43% avaliam que a mudança não contribui para combater a violência, com variações significativas conforme o posicionamento político dos entrevistados.