ACNUR e Sebrae unem esforços para apoiar empreendimentos liderados por pessoas refugiadas

Edwin Jimenez. Foto: arquivo pessoal.

O venezuelano Edwin Jimenez chegou ao Brasil em 2015, com a esposa. Passou por diversos empregos e funções, mas nunca abandonou o sonho de ter seu próprio negócio. Em 2023, conseguiu fundar o Salgaditos, empresa do ramo de gastronomia, em Boa Vista, Roraima. Depois de dois anos, o empresário emprega seis pessoas, sendo cinco venezuelanos e um brasileiro. Recentemente, Edwin abriu uma segunda loja em Boa Vista e planeja expandir mais.

“Quando decidimos empreender, é normal sentir medo do fracasso. Mas precisamos confiar. Nós, refugiados e migrantes, já deixamos muita coisa para trás, e começar do zero não é fácil. Ainda assim, cada dia é uma nova chance”, reflete.

Edwin lidera um dos 170 empreendimentos que fazem parte da Plataforma Refugiados Empreendedores, iniciativa da Agência das ONU para Refugiados (ACNUR) e do Pacto Global – Rede Brasil, que completou quatro anos. A iniciativa engloba 17 nacionalidades que empreendem em 15 estados e no Distrito Federal.

“Apoiar um empreendedor refugiado é aumentar as chances dessa pessoa reconstruir sua vida e conquistar mais autossuficiência. O Brasil tem se mostrado uma nação pulsante e cheia de oportunidades para refugiados empreenderem, estabilizarem-se e devolverem ao país a prosperidade, gerando inclusive empregos para brasileiros” destaca Davide Torzilli, representante da ACNUR no Brasil.

Um dos parceiros da iniciativa é o Sebrae, que recentemente renovou o acordo de parceria com a ACNUR.

Nosso objetivo é promovermos cada vez mais ações conjuntas e incentivarmos a capacitação e o aprimoramento dos empreendedores vindos de outros países.

Getúlio Vaz, analista da Unidade de Assessoria Institucional do Sebrae Nacional.

Venezuelanos e empreendimentos na área de gastronomia são maioria

Os empreendedores venezuelanos como Edwin respondem pela grande maioria (70%) dos donos de empreendimentos listados na plataforma Refugiados Empreendedores. E a gastronomia é a área de mais da metade dos empreendimentos listados (51%), seguido por Artesanato, Moda e Design e Arte.

“A plataforma é uma maneira de divulgar os empreendimentos liderados por pessoas refugiadas, promover pontes entre eles e as empresas para que possam incluí-los nas cadeias de fornecedores, além de promover o consumo consciente por meio de um produto autêntico e cheio de significado”, reforça o Oficial de Meios de Vida e Inclusão Econômica da ACNUR, Paulo Sérgio Almeida.

No Distrito Federal, negócios gastronômicos de pessoas refugiadas estão virando uma série de conteúdo no perfil Comidas de Brasília, do influenciador Rodrigo Lourenço. O primeiro vídeo já está no ar no Instagram, em colaboração com a ACNUR, e traz uma avaliação do UniCoffee, uma cafeteria que fica no Lago Norte comandada pela síria Jana.

Assim como o UniCofee, 58% dos empreendimentos da plataforma são liderados por mulheres. É o caso da afegã Masuma, que desembarcou sozinha no Brasil em dezembro de 2021. Ela precisou lidar com a barreira do idioma e as emoções de ser refugiada em um país desconhecido e muito diferente do seu. Com o tempo, conseguiu se restabelecer e retomar sua carreira como fotógrafa, paixão descoberta em 2019, durante um projeto da ONU para jovens no Afeganistão. Desde então, ela vem aprimorando suas habilidades por meio de cursos e, atualmente, trabalha principalmente com fotografia de eventos e produtos. Masuma também se dedica a outras formas de expressão artística, como a criação de joias e a pintura.

Foto: arquivo pessoal.

Minha jornada do Afeganistão ao Brasil mostrou que a arte tem o poder de curar, conectar e transcender fronteiras. Sou grata pela oportunidade de continuar essa trajetória em um lugar onde posso expressar minha criatividade livremente.
Masuma, refugiada afagã e fotógrafa.

A gerente de Direitos Humanos e Trabalho do Pacto Global – Rede Brasil, Gabriela Rozman, reforça a importância de unir esforços em prol dessa população. “Desenvolvemos há alguns anos projetos com a ACNUR para apoiar empreendedores e empresas que queiram se engajar na inclusão laboral de pessoas refugiadas. Sabemos que é fundamental ter o envolvimento do setor privado para que as pessoas refugiadas consigam empreender, trabalhar, ganhar autonomia e viver de forma digna no Brasil”, ressalta.

Sobre a plataforma Refugiados Empreendedores

A plataforma Refugiados Empreendedores é uma iniciativa do ACNUR e do Pacto Global – Rede Brasil e tem como objetivo dar visibilidade a empreendimentos liderados por pessoas refugiadas no país, além de apoiar capacitações e outras oportunidades de formação e de divulgação de seus negócios. Criada em fevereiro de 2021, a plataforma atualmente conta com 170 negócios listados. Confira o Balanço de 2024, com as principais atividades e conquistas da iniciativa no ano passado.

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