Recentemente, a comunidade científica foi surpreendida por um estudo que sugere uma mudança significativa na rotação do núcleo da Terra. Publicado na revista Nature Geoscience, o estudo indica que o núcleo do planeta começou a desacelerar em 2019, e há indícios de que ele possa estar girando na direção oposta. Essa descoberta levanta questões sobre as possíveis implicações para a Terra e seus habitantes.
Os pesquisadores utilizaram registros sísmicos para analisar a rotação do núcleo interno da Terra entre as décadas de 1990 e 2020. A análise revelou uma mudança perceptível nos últimos anos, sugerindo que o núcleo pode ter começado a girar ao contrário. Essa descoberta, embora intrigante, não representa um evento apocalíptico, mas sim um fenômeno natural que pode ter efeitos sutis no planeta.
Como a rotação do núcleo afeta a Terra?
A rotação do núcleo da Terra é um fenômeno complexo que pode influenciar diversos aspectos do planeta. Um dos efeitos mais discutidos é a possível alteração na duração dos dias. A desaceleração e a mudança de direção do núcleo podem impactar o campo magnético da Terra, que é gerado pela interação entre o núcleo interno sólido e o núcleo externo líquido.
O campo magnético da Terra desempenha um papel crucial na proteção do planeta contra a radiação solar e cósmica. Alterações na rotação do núcleo podem, portanto, ter implicações para a estabilidade do campo magnético, embora a extensão desses efeitos ainda seja objeto de investigação científica.

1. Geração do Campo Magnético:
- O movimento do ferro fundido no núcleo externo, impulsionado pela convecção térmica e pela rotação da Terra, gera o campo magnético terrestre através do efeito dínamo.
- A interação entre a rotação do núcleo interno e o movimento do núcleo externo contribui para a complexidade e a força desse campo magnético.
- O campo magnético protege a Terra da radiação solar prejudicial e das partículas carregadas do vento solar, sendo essencial para a vida como a conhecemos.
2. Duração do Dia:
- A velocidade de rotação do núcleo interno não é constante e pode variar ligeiramente em relação ao manto e à crosta terrestre (rotação diferencial).
- Essas variações na velocidade de rotação do núcleo interno podem causar alterações minúsculas na duração do dia, na ordem de milésimos de segundo. Essas mudanças são quase imperceptíveis para os humanos.
3. Nível do Mar e Clima:
- Alguns estudos sugerem que as variações na rotação do núcleo interno podem causar deformações mínimas na crosta terrestre, o que, por sua vez, poderia influenciar o nível do mar.
- Há também hipóteses de que as mudanças no campo magnético, influenciadas pela dinâmica do núcleo, poderiam ter efeitos indiretos no clima da Terra, embora essa ligação ainda esteja sendo investigada.
4. Processos Geológicos Internos:
- A rotação do núcleo e a convecção no núcleo externo são importantes para a transferência de calor do interior da Terra para o manto.
- Esse fluxo de calor contribui para os processos de convecção no manto, que, por sua vez, impulsionam a tectônica de placas, resultando em fenômenos como terremotos, vulcanismo e a formação de montanhas.
Por que o núcleo da Terra está girando ao contrário?
A compreensão do núcleo interno da Terra remonta a 1936, quando a sismóloga dinamarquesa Inge Lehmann descobriu sua natureza sólida. Desde então, estudos têm se concentrado em entender a rotação diferencial do núcleo. A pesquisa recente sugere que o núcleo pode ter um ciclo de rotação de aproximadamente 70 anos, durante o qual ele desacelera, para e eventualmente gira na direção oposta.
Embora a ideia de um núcleo girando ao contrário possa parecer alarmante, é importante destacar que este é um processo natural e não um sinal de catástrofe iminente. A ciência ainda está explorando as causas exatas dessa rotação inversa, mas uma hipótese é que ela esteja relacionada ao fluxo de materiais no núcleo externo líquido, que interage com o núcleo interno sólido.
- Rotação Diferencial: O núcleo interno sólido da Terra (feito principalmente de ferro e níquel) pode girar a uma velocidade ligeiramente diferente da do manto e da crosta terrestre. Essa diferença é chamada de rotação diferencial.
- Super-Rotação e Sub-Rotação: Por muito tempo, acreditou-se que o núcleo interno estava em “super-rotação”, ou seja, girando ligeiramente mais rápido que o resto do planeta. No entanto, pesquisas mais recentes sugerem que essa rotação não é constante e pode até mesmo inverter. Alguns estudos indicam que, em certos períodos, o núcleo interno pode estar em “sub-rotação”, girando mais lentamente que o manto.
- “Rotação ao Contrário”: Quando os cientistas falam sobre o núcleo interno “girando ao contrário”, geralmente se referem a essa fase de sub-rotação relativa. Em vez de ultrapassar o resto do planeta em sua rotação, ele estaria ficando para trás, o que, do nosso ponto de vista na superfície, pareceria uma rotação na direção oposta.
- Ciclos de Oscilação: Há evidências crescentes de que essa variação na velocidade de rotação do núcleo interno ocorre em ciclos de várias décadas (aproximadamente 60 a 70 anos). Estudos recentes sugerem que o núcleo interno pode ter parado de girar mais rápido por volta de 2009 e agora pode estar girando mais lentamente. Um padrão semelhante de desaceleração e possível reversão foi observado no início dos anos 1970.
- Causas: As causas exatas dessa variação na rotação ainda estão sendo investigadas, mas acredita-se que estejam relacionadas à interação complexa entre:
- O campo magnético da Terra, gerado no núcleo externo líquido, que exerce forças eletromagnéticas no núcleo interno.
- As forças gravitacionais exercidas pelo manto rochoso circundante, que podem atuar como um freio na rotação do núcleo interno.
- O fluxo do núcleo externo líquido.
- Impacto: As mudanças na rotação do núcleo interno podem ter sutis influências em outros fenômenos terrestres, como a duração do dia (em frações de milissegundos) e o campo magnético da Terra, embora esses efeitos ainda estejam sendo estudados.
Quais os próximos passos?
Com o avanço da tecnologia e dos métodos científicos, a compreensão do núcleo da Terra continua a evoluir. Pesquisadores como John Vidale, da USC Dornsife, estão na vanguarda dessa investigação, buscando desvendar os mistérios da rotação do núcleo e suas implicações para o planeta.
Estudos futuros podem fornecer insights mais detalhados sobre como essas mudanças na rotação do núcleo afetam o campo magnético e, por extensão, a vida na Terra. A expectativa é que, nos próximos cinco a dez anos, novas descobertas possam esclarecer ainda mais esse fenômeno fascinante.
Em suma, a rotação do núcleo da Terra é um campo de estudo em constante evolução, com potencial para revelar segredos profundos sobre a estrutura e o funcionamento do nosso planeta. À medida que a ciência avança, espera-se que possamos compreender melhor esse processo e suas implicações para o futuro da Terra.
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