Crianças deixam de ir às aulas por falta de auxiliares e cuidadores em escolas de Palmas


Crianças estão faltando às aulas por não ter este apoio para desenvolverem habilidades. Mães e pais resolveram criar associação única para tratar de demandas para os filhos. Mães e pais de crianças atípicas reclamam de educação prejudicada em Palmas
Alunos atípicos matriculados na rede municipal de ensino de Palmas têm enfrentado dificuldades para frequentar a aulas. Isso porque não há cuidadores ou auxiliares nas salas, que seriam para dar atenção especial a alunos que necessitam de cuidados específicos e apoio.
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A Alice adora ir pra escola e estar entre os colegas, mas segundo a mãe, Dinnara Rodrigues, a quantidade de faltas pela ausência da cuidadora está gerando ansiedade e frustração na criança.
“Fica nessa situação e hoje eu fico com a Alice, ‘hoje ela vai para a escola? Hoje ela não vai para a escola?’ Isso já está desencadeando na Alice a sensação de que ‘a escola não me quer’, que foi o que ela me perguntou semana passada”, lamentou a mãe.
Sobre o caso da Alice, a Prefeitura de Palmas disse que a auxiliar responsável pelo acompanhamento da aluna se ausentou em algumas oportunidades, na última semana, por questões de saúde e que as faltas da servidora foram justificadas por meio de atestado médico, mas que ela retornou ao trabalho nesta semana. Sobre outros casos, a gestão não respondeu até a publicação desta reportagem (veja nota na íntegra no fim da reportagem).
Alice não está indo para aula por falta de auxiliar
TV Anhanguera/Reprodução
A Alice não está sozinha nessa dificuldade de frequentar a escola. Muitas outras crianças enfrentam problemas semelhantes. Alguns sequer foram para aula até agora.
O Emanuel, de 7 anos, ganhou esse animalzinho de estimação para desenvolver habilidades sensoriais. A rotina é desafiadora para a família, na busca de direitos não atendidos.
“Desde quando o Emanuel começou a estudar que é um direito dele por lei, do professor auxiliar para que o Emanuel venha a desenvolver e aprender a ler, aprender a escrever e aprender a se socializar. E ele não teve. E não foi por falta de buscar. A gente buscou o Executivo, os parlamentares, a gente buscou os políticos”, explicou Willian Arrais Matos, pai do menino.
Atualmente, Palmas tem mais de dois mil alunos na rede municipal que precisam de cuidados específicos na sala de aula. Recentemente, a prefeitura iniciou uma capacitação para novos auxiliares. Mas o problema está longe de chegar ao fim.
Por isso essas famílias decidiram se unir para criar uma associação única de mães e pais atípicos. A união entre os que enfrentam a mesma dificuldade no dia a dia servirá para que as reivindicações ganhem mais força. Não só em relação à educação, mas outras demandas também.
“A luta é muito grande. Então quando a gente luta por uma mãe atípica, não é uma mãe de autista, uma mãe de PDC, uma mãe que tem uma criança com microcefalia. É uma mãe atípica, que tem as demandas de uma mãe atípica e isso tem todos os nichos”, explicou a advogada Daniela Monticelli.
“Quando a gente fala de acessibilidade, a gente não está falando de entrar naquele lugar, mas entrar de forma digna”, completou a enfermeira Pamela Eva Aguiar.
Diante das demandas, mães e pais atípicos pedem maior inclusão para os filhos se desenvolverem de forma efetiva. “Inclusão é uma palavra bonita, mas no dia a dia, ela dentro da escola não esta existindo. As crianças nem estão chegando a ir para a escola. As crianças típicas não tem convívio com as nossas para desenvolver aceitação, a socialização, trabalhar um possível momento de preconceito porque as nossas crianças nem estão indo para a escola”, disse a mãe de Alice, Dinnara.
Íntegra da nota da prefeitura
A Prefeitura de Palmas, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), informa que está ciente da situação na Escola Municipal Degraus do Saber. Conforme a direção da unidade de ensino, a auxiliar responsável pelo acompanhamento da aluna se ausentou em algumas oportunidades na última semana por questões de saúde. As faltas da servidora foram justificadas por meio de atestado médico, e a família avisada sempre que foi necessário o afastamento da profissional que já retornou ao trabalho nesta semana.
A unidade de ensino tem buscado o diálogo com a família da estudante, por meio de reunião agendada pela equipe da Orientação Escolar, e reforça que econtra-se aberta para quaisquer esclarecimentos.
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