Conflitos no campo: Brasil registra 2.185 casos em 2024, 2º maior número da história, aponta relatório


População indígena foi a que mais sofreu assassinatos, com 5 vítimas. Casos foram o menor da década. Conflitos no campo diminuem no Brasil em 2024, mas número é ainda o segundo maior já registrado, aponta relatório
Agência Brasil
O Brasil teve 2.185 casos de conflitos no campo em 2024, uma queda de quase 3% na comparação com o ano anterior, quando o país bateu um recorde de casos, apontou relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), nesta quarta-feira (23).
Apesar da queda, ainda é o segundo maior número da série histórica, que teve início em 1985.
Já o número de ocorrências de violência gerada por contaminação de agrotóxicos é o maior da década, com 276 registros. A maioria dos casos ocorreu no Maranhão, que também lidera o ranking de conflitos.
Por outro lado, os assassinatos diminuíram em 58% na comparação com 2023, com 13 vítimas. Ainda assim, as ameaças de morte foram as maiores da década, com 272 casos registrados, uma alta de 24% frente ao ano anterior.
A CPT, ligada à igreja católica, organiza publicações anuais sobre conflitos no campo.
São registrados os casos entendidos como ações de resistência e enfrentamento que acontecem em diferentes contextos sociais. As disputas envolvem, por exemplo, luta por terra, água, direitos e pelos meios de trabalho ou produção.
Em 2024, as categorias das ocorrências foram disputas por:
terra (78% dos casos);
água (12%);
trabalho (6%);
resistência (4%).

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Indígenas foram as principais vítimas de assassinatos
Em 2024, os indígenas seguiram como as principais vítimas de assassinato por causa dos conflitos no campo. Eles representaram 38% dos casos, com 5 vítimas.
Também foram assassinados 3 trabalhadores sem-terra, 2 assentados, 1 posseiro, 1 quilombola e 1 pequeno proprietário.

Dos 13 assassinatos registrados, 8 aconteceram nas regiões de Exploração das Fronteiras Agrícolas, representando 62% dos casos, segundo o relatório. A área abrange parte do Nordeste, do Norte, do Cerrado e o Matopiba (formado pelo Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
O estudo constatou que 46% dos crimes foram comandados por fazendeiros e 31% tiveram policiais como executores.
Aumento de incêndios e desmatamento
O relatório apontou um aumento de 11% dos incêndios (194) e 39% de crescimento do desmatamento ilegal (209) na comparação entre 2024 e 2023.
Entre julho e agosto de 2024, incêndios de grandes proporções se espalharam pelo Brasil. Na época, o prejuízo estimado para os produtores foi de R$ 14,7 bilhões, em 2,8 milhões de hectares de propriedades rurais, apontou um levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
De acordo com a CPT, a região mais afetada pelo desmatamento e pelo fogo é a Amazônia Legal, com destaque para o Mato Grosso, responsável por 25% dos casos de incêndios registrados no território nacional, e o Pará, que concentra 20% dos registros de desmatamento ilegal.
Trabalho escravo: cresce o número de resgates
Em 2024, cresceu o número de resgates de trabalhadores em situação análoga à escravidão, aponta o relatório. O aumento foi de 39%, o que corresponde a 1.622 trabalhadores resgatados.
Já o número de casos caiu 40%, com o total de 151 registros.
As informações usadas no estudo foram da campanha “De Olho Aberto para Não Virar Escravo”.
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