Nos últimos anos, o aumento expressivo na arrecadação de sindicatos por meio de descontos nos benefícios previdenciários tem gerado preocupações significativas. De acordo com dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação, esses descontos somaram R$ 88,6 milhões no ano passado, quase triplicando o valor arrecadado em 2022. Essa situação levanta questões sobre a eficácia da fiscalização do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e as possíveis irregularidades envolvidas.
Embora o INSS atribua parte desse aumento ao reajuste do salário mínimo, que serve como referência para os benefícios, essa explicação não justifica completamente a escalada na arrecadação. A suspeita de fraudes e descontos indevidos é uma preocupação crescente, especialmente considerando o aumento de 280% nas reclamações de beneficiários sobre descontos não autorizados em seus contracheques.
Quais são as causas do aumento nos descontos sindicais?

O desconto sindical, que pode ser aplicado a aposentados e pensionistas, requer autorização prévia do beneficiário. No entanto, muitos segurados têm sido surpreendidos por descontos não autorizados. Um relatório do INSS identificou que, entre janeiro de 2023 e maio de 2024, foram realizados descontos indevidos no valor de R$ 45,5 milhões. Essa situação tem afetado especialmente os cidadãos em situação de vulnerabilidade, que muitas vezes não têm conhecimento ou capacidade de verificar seus extratos previdenciários.
Um caso emblemático envolve uma idosa de São Luís Gonzaga do Maranhão, que precisou recorrer à justiça para interromper descontos mensais de R$ 30 feitos por uma confederação agrícola. Desde 2020, ela perdeu mais de R$ 1,5 mil. Esse cenário é comum entre beneficiários da zona rural, que frequentemente enfrentam dificuldades para ler e compreender seus direitos.
Como o INSS está lidando com as irregularidades?
O INSS tem enfrentado desafios significativos na fiscalização dos descontos sindicais. Apesar de alegar que as irregularidades estão sendo combatidas e que as queixas são tratadas pela Ouvidoria, o aumento contínuo dos descontos e das reclamações sugere que as medidas adotadas até agora não são suficientes. A possibilidade de bloqueio do desconto pelo usuário é uma das ações implementadas, mas parece não resolver o problema de forma eficaz.
Além disso, a responsabilidade de verificar a correção dos valores recebidos não deveria recair sobre os beneficiários. Muitos não conferem seus extratos regularmente, e pequenos descontos mensais podem passar despercebidos. Cabe ao INSS garantir que os sindicatos atuem de maneira ética e que os descontos sejam devidamente autorizados.
Quais são as soluções possíveis para melhorar a fiscalização?
Para enfrentar esse desafio, é essencial que o INSS implemente uma fiscalização mais rigorosa e eficiente. Isso pode incluir a realização de auditorias regulares e o fortalecimento dos mecanismos de controle interno. Além disso, é crucial promover a educação financeira entre os beneficiários, especialmente aqueles em situação de vulnerabilidade, para que possam identificar e contestar descontos indevidos.
Outra medida importante seria a criação de canais de comunicação mais acessíveis e eficazes para que os beneficiários possam relatar irregularidades de forma segura e rápida. A transparência e a prestação de contas são fundamentais para restaurar a confiança dos segurados no sistema previdenciário.
Em suma, o aumento na arrecadação sindical por meio de descontos nos benefícios previdenciários destaca a necessidade urgente de uma fiscalização mais robusta e de medidas que protejam os direitos dos beneficiários. O INSS deve assumir um papel proativo na garantia de que os descontos sejam realizados de maneira justa e transparente, evitando que fraudes e irregularidades continuem a prejudicar os segurados.
O post Aposentados reclamam de descontos indevidos do INSS para sindicatos apareceu primeiro em Terra Brasil Notícias.