Guerra comercial pode render mais negócios na China à Embraer

Durante coletiva à imprensa na manhã desta quarta-feira (16/4) em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou desconhecer a informação de que seu país havia solicitado a companhias aéreas nacionais que suspendessem o recebimento de entregas de aeronaves da Boeing e interrompessem a compra de peças e equipamentos relacionados a aeronaves de empresas americanas. Mas sugeriu que a investigação fosse direcionada às “autoridades chinesas competentes”.

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A mensagem mais importante, contudo, foi a resposta à pergunta sobre a possibilidade de a guerra tarifária poder aumentar drasticamente o preço das aeronaves da Boeing e de a China, diante disso, considerar fortalecer a cooperação com as empresas de aviação brasileiras:

“Como princípio, gostaria de ressaltar que o Brasil é um importante país da aviação. A China valoriza a cooperação prática com o Brasil em diversas áreas, incluindo a da aviação, e vê com bons olhos as companhias aéreas chinesas que buscam cooperação relevante com o Brasil com base nos princípios de mercado.”

Os chineses não são de deixar mensagens no ar. Nada vaza por acaso, sobretudo em se tratando de gente de governo. Ou seja, para bom entendedor, o recado é claro. A questão dos aviões segue na pauta bilateral, como confirmaram fontes do governo ao JOTA. Ainda não está certo se a empresa estará na rápida visita do presidente Lula em 13 de maio à capital chinesa, onde participa do Fórum China-Celac e faz visita de Estado. Procurada, a empresa não respondeu sobre a visita, não comenta negócios específicos e não pretende se manifestar neste momento.

Mas a empresa tem aumentado os esforços comerciais, sobretudo no contexto do aniversário de 25 anos de seu relacionamento com a China, que completa este ano, e a região como um todo. Aliás, um anúncio, neste momento em especial, seria conquista e tanto da empresa e do governo brasileiro.

A companhia tem tentado negociar a venda de 20 jatos de aviação civil para uma aérea regional chinesa. A Embraer tem apoiado as negociações com a China para demostrar as aeronaves E190-E2 e E195-2 pode potencializar a expansão das malhas regionais.

Na China desde maio de 2000, a Embraer criou um serviço de pós-venda e suporte ao cliente no país, onde marca presença com 80 E-jets, que já operaram mais de 550 rotas e transportaram mais de 20 milhões de passageiros por ano.

O anúncio em 11 de abril deste ano da nomeação de Patrick Peng para o cargo de Diretor-Geral e Vice-Presidente Sênior de Vendas e Marketing da Embraer Aviação Comercial na China, com início a partir de 31 de março de 2025, mostrava que a empresa estava dobrando a aposta no mercado chinês. De acordo com press release divulgado na data, Peng lidera as atividades da Embraer no país e se reporta a Martyn Holmes, diretor comercial da Embraer Aviação Comercial desde 31 de março. Tem mais de 20 anos de experiência no setor de aviação e carreira de destaque em líderes globais da aviação, como Airbus, GE Aviation/CFM, Thales e Safran.

“Seu histórico comprovado inclui liderança estratégica de vendas, negociações de contratos de serviços de pós-venda de bilhões de dólares e a formação de parcerias de longo prazo com companhias aéreas, fabricantes de equipamento original (OEMs, na sigla em inglês) e stakeholders regulatórios na China”, disse a Embraer na nota publicada por ocasião da nomeação.

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