
Vídeo mostra depoimento de Gilman Rodrigues da Silva no dia em que se apresentou à polícia. Ele foi indiciado pelo feminicídio de Delvânia Campelo da Silva. Em depoimento à Polícia Civil, Gilman contou como foi briga com Delvânia
O vídeo do depoimento de Gilman Rodrigues da Silva, de 47 anos, indiciado pela morte de Delvânia Campelo da Silva, de 50 anos, mostra quando ele conta sua versão e afirma que ela teria começado a briga no dia das agressões. A vítima passou mais de 20 dias internada no Hospital Geral de Palmas (HGP) e morreu na tarde de sexta-feira (11).
“Ela veio para cima. Acredito que ela tenha bebido alguma coisa porque ela estava fora do normal. Quando ela pegou e começou a me atacar dessa forma, eu consegui pegar esse cabo desse vassourão e fui para cima para acalmar ela”, disse o suspeito à polícia. Veja no vídeo acima.
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O crime aconteceu no dia 22 de março deste ano. A vítima sofreu diversos ferimentos e pediu socorro em um grupo de aplicativo de mensagens, mas os áudios teriam sido apagados pelo próprio investigado.
A defesa dele informou que a família manifesta ‘profundo pesar pelo falecimento’ de Delvânia e afirma que aguarda a conclusão das investigações para que todos os fatos sejam ‘devidamente aclarados’ (veja a íntegra da nota no fim da reportagem).
O vídeo, ao qual a TV Anhanguera teve acesso, mostra o depoimento prestado na primeira vez que Gilman se apresentou à Polícia Civil, no dia 25 de março, três dias depois do crime. Ele foi ouvido pelo delegado por cerca de 30 minutos e liberado em seguida, pois, nesse dia, não havia um mandado contra ele nem situação de flagrante.
No depoimento, Gilman afirma que houve uma discussão entre os dois e ele disse que sairia da casa, mas não encontrou a chave do carro porque a vítima teria escondido.
“Foi ficando uma situação fora do controle. Eu peguei e falei: ‘desse jeito que tá eu não vou ficar aqui, vou ter que sair daqui, vou lá no quarto pegar a chave do carro para eu sair e deixar ela lá’, eu não sabia o que ia acontecer mais”, disse ao delegado, ressaltando que chegou a pedir que Delvânia entregasse a chave, mas ela disse que escondeu e que ele não sairia.
Ainda no relato, o indiciado afirma que queria deixar o local após Delvânia postar em um grupo de Whatsapp que ele estava a agredindo, mas o próprio Gilman apagou o pedido de socorro, e afima que, neste momento, as agressões ainda não haviam acontecido. Em seguida, ela pegou uma vassoura e passou a agredi-lo, mas ele conseguiu tomar o objeto.
“Ela pegou esse vassourão e começou a me atacar [dizendo] que ia acabar comigo […] Começou a bater em meu braço, ainda tem mancha aqui. E ela veio para cima. Acredito que ela tenha bebido alguma coisa porque ela estava fora do normal. Quando ela pegou e começou a me atacar dessa forma, eu consegui pegar esse cabo desse vassourão e fui para cima para acalmar ela”, completou.
Gilman é suspeito de desferir diversos golpes contra a namorada, principalmente na cabeça. Mas afirmou ao delegado que não se lembra quantos foram.
Depois que a vítima desmaiou, ele disse que saiu da casa e deixou Delvânia ferida. Ela só foi socorrida, segundo a investigação da Polícia Civil, depois que um caseiro a viu e chamou a Polícia Militar (PM).
Ela foi levada para um hospital local, mas como estava em estado grave, foi transferida no domingo, dia 23 de março, para o Hospital Geral de Palmas, onde ficou até o dia da morte.
Depois do depoimento prestado na Delegacia de Paraíso do Tocantins, Gilman foi liberado por não estar mais em situação de flagrante. Mas a Polícia Civil pediu a prisão preventiva, que foi deferida pela Justiça e cumprida assim que ele se apresentou para prestar novo depoimento, no dia 3 de abril. Da delegacia ele foi para a Unidade Penal local.
Delvânia e Gilman namoravam desde o segundo semestre de 2024
Reprodução/ Redes sociais
Doação dos órgãos
Neste sábado (12), a Secretaria de Estado da Saúde (SES) afirmou que a família de Delvânia autorizou a doação dos órgãos dela.
A SES informou que após a autorização da família para captação de múltiplos órgãos, a Central Estadual de Transplantes passou fazer os exames necessários para a efetivação da doação. O trabalho é feito com o auxílio de equipes do Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
Por causa dos procedimentos no hospital, a família ainda não informou qual a data ou local para velório e enterro.
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Relembre o caso
Durante a investigação do caso, pessoas que eram ligadas ao casal informaram à Polícia Civil que o namoro de Delvânia e Gilman começou no segundo semestre de 2024. Foi relatado que eles tinham muitos conflitos causados por ciúmes e que a violência era recorrente.
No dia do crime eles teriam discutido, momento em que as agressões começaram. Ela recebeu diversos golpes na cabeça. Depois Gilman fugiu da chácara e não voltou à Caseara. Familiares de Palmas teriam o abrigado após a fuga, segundo a polícia.
O delegado José Lucas Melo, responsável pela investigação, afirma que no primeiro depoimento, ele teria tentado desqualificar a vítima informando que agiu em legítima defesa. Mas diante da força empregada nas agressões contra Delvânia, essa versão não teria consistência.
“Se ele alega que estava sendo agredido, é um comportamento que é contraditório ao de mandar mensagem no Whatsapp afirmando que a situação está tranquila, acalmando as pessoas que recebem essas imagens e retardando que alguém compareça no local”, reafirmou o delegado.
Delvânia chegou a mandar mensagem pedindo ajuda em um aplicativo, mas o indiciado enviou mensagens logo em seguida dizendo que ‘não estava acontecendo nada’.
Entretanto, diante da gravidade dos ferimentos causados em Delvânia, a polícia o chamou para novo depoimento e a Justiça deferiu o pedido de prisão preventiva, cumprido no dia 3 de abril.
Conforme a polícia, o procedimento que até então apurava uma tentativa de feminicídio, foi convertido em feminicídio consumado.
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Íntegra da defesa de Gilman
A família e a defesa técnica de Gilman Rodrigues da silva manifestam profundo pesar pelo falecimento da sra. Delvânia Campelo da Silva.
A defesa aguardará a conclusão das investigações policiais, onde espera que todos os fatos relacionados, inclusive de dias anteriores ao dia 22 de março e detalhadamente a sequência de eventos daquela data, sejam colacionados ao inquérito.
A defesa afirma ainda que os fatos todos serão devidamente aclarados e ainda, todos, independentemente da acusacao, tem direito de defesa e que essa garantia deve ser preservada.
Marcos Candal Advogado
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