O Acampamento Terra Livre (ATL) de 2025, realizado em Brasília, reuniu mais de 8 mil indígenas de diversas etnias para discutir questões cruciais relacionadas aos direitos dos povos originários. O evento, que ocorreu de 7 a 11 de abril, destacou a importância da transição energética e a defesa dos direitos constitucionais indígenas, em meio ao debate sobre o marco temporal no Supremo Tribunal Federal (STF).
Apesar da relevância do evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não compareceu a nenhum dia da mobilização. Sua ausência foi notada, especialmente porque ele havia participado do ATL em anos anteriores, anunciando medidas significativas para a demarcação de terras indígenas. Em 2025, Lula optou por cumprir agendas em outras localidades, incluindo uma visita à terra indígena Capoto-Jarina, no Parque do Xingu, onde se encontrou com o cacique Raoni.
O que os indígenas queriam com essa mobilização?
Ao final do acampamento, as lideranças indígenas divulgaram uma carta com reivindicações claras. O documento enfatizou a necessidade de respeito aos direitos garantidos pela Constituição de 1988, com foco em território, autodeterminação, cultura, saúde e educação diferenciadas. Além disso, a carta criticou os impactos da crise climática e a exploração de energia elétrica em terras indígenas.
Outro ponto de destaque foi a oposição à Câmara de Conciliação do STF, relacionada ao marco temporal para a demarcação de terras. As lideranças indígenas também expressaram preocupação com a exploração de petróleo na foz do Amazonas, que pode afetar terras indígenas no Oiapoque, caso seja aprovada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O que o governo Lula tem feito pelos indígenas?
Embora o governo Lula tenha sido eleito com a promessa de defender os direitos dos povos indígenas, sua administração tem enfrentado críticas por se alinhar à exploração de combustíveis fósseis. Em 2025, o presidente anunciou um investimento de R$ 15 milhões do Fundo Amazônia para a restauração ecológica de terras indígenas, mas sua ausência no ATL foi vista como um sinal de distanciamento das demandas indígenas.
Kleber Karipuna, coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), destacou que as demandas indígenas raramente são atendidas de forma satisfatória pelas autoridades. Apesar disso, as lideranças mantêm a esperança de que novas demarcações de terras sejam anunciadas em breve.
Por que o Lula não foi na mobilização indígena?
A ausência de Lula no ATL de 2025 gerou reações mistas entre os participantes. No último dia do evento, houve manifestações de apoio à deputada federal Célia Xakriabá, que foi atingida por bombas de gás lacrimogêneo durante um protesto em direção ao Congresso Nacional. O episódio destacou a tensão entre manifestantes e forças de segurança, refletindo a complexidade das relações entre o governo e as comunidades indígenas.
O ATL também trouxe à tona discussões sobre a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), prevista para novembro. As lideranças indígenas veem o evento como uma oportunidade para destacar os impactos da exploração de combustíveis fósseis nas comunidades tradicionais e defender uma transição energética justa e sustentável.
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