Michelle Bolsonaro (PL), ex-primeira-dama e atual presidente do PL Mulher, oscila nas bolsas de apostas eleitorais para 2026, variando conforme os movimentos políticos de seu esposo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Apesar das incertezas que cercam a disputa do próximo ano, Michelle como plano B em um cenário de substituição emergencial do ex-presidente se mostra um nome bastante competitivo. A projeção dela como figura viável para disputar a série A da política nacional coincide com a erosão da popularidade do presidente Lula, desde o fim do ano passado.
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Mesmo inelegível até 2030, Bolsonaro está determinado a registrar sua candidatura e mantê-la pelo maior tempo possível para continuar atuando como peça-chave da direita — repetindo uma estratégia usada por Lula em 2018. Confirmado o provável reconhecimento da sua inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após o registro, o PL de Valdemar Costa Neto teria até 20 dias antes da eleição para substituí-lo na chapa, conforme determina a legislação eleitoral.
Parte do centrão tem mostrado preferência por ungir o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para representar a direita diante da impossibilidade de Bolsonaro entrar no pleito, enquanto o ex-presidente no momento parece pender para seu filho Eduardo, deputado licenciado.
Michelle supera Tarcísio em SP
Protagonista em propagandas e momentos decisivos durante a campanha pela reeleição de Jair Bolsonaro em 2022, Michelle mostra potencial para ampliar sua base de apoio além do núcleo bolsonarista mais fiel. Seu perfil atrai maior adesão entre o público feminino e eleitores evangélicos moderados, indicando potencial de crescimento de sua influência.
De acordo com pesquisas recentes, Michelle e Tarcísio são os principais nomes do bolsonarismo para desafiar Lula em 2026. No entanto, o último Datafolha (1º-3/abril) revela que Michelle é a preferida para substituir o ex-presidente, liderando com 23% das indicações — à frente de todos os outros nomes da direita.
No consenso das pesquisas medido pelo JOTA, a ex-primeira-dama aparece à frente do governador de São Paulo na disputa pelo primeiro turno: Michelle registra 31% das intenções de voto, enquanto Tarcísio tem 27%. Ambos ficam atrás de Lula, que lidera com 35% na média dos cenários.
No segundo turno, os números se aproximam: Michelle alcança 40% e Tarcísio 39%, ambos empatados dentro do intervalo de confiança do modelo, mas ainda assim sendo derrotados por Lula, que registra agora 42% das intenções de voto. Tarcísio, apesar de competitivo, é menos conhecido que Michelle nacionalmente, o que pode ser uma vantagem, já que seu potencial de crescimento é maior.
Unificando o antipetismo e atraindo as mulheres
O principal trunfo da ex-primeira-dama é sua capacidade de unificar o eleitorado antipetista, conquistando o apoio daqueles que desaprovam Lula, enquanto reduz a rejeição em segmentos tradicionalmente resistentes a Jair Bolsonaro, como as mulheres, que representam cerca de 53% do eleitorado nacional.
O ex-presidente Jair Bolsonaro sempre encontrou dificuldades para conquistar o apoio majoritário do eleitorado feminino. Durante as eleições de 2022, a média das pesquisas reunidas pelo agregador do JOTA indicava que o apoio a Bolsonaro entre as mulheres era cerca de 6 pontos percentuais inferior ao registrado entre os homens. Em 2025, as pesquisas indicam que a rejeição diferencial ao nome de Jair Bolsonaro entre as mulheres permanece significativa, ficando cerca de 4 pontos percentuais abaixo do apoio registrado entre os homens.
Mas quando o nome testado é o de Michelle Bolsonaro, o cenário muda: embora ela mantenha o apoio masculino superior ao feminino, consegue elevar a preferência entre as mulheres, atingindo níveis equivalentes ou até superiores ao apoio dado ao presidente Lula, na mesma pesquisa e cenário.
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Mesmo quando se analisam pesquisas restritas ao estado de São Paulo, onde o risco de desconhecimento do nome do governador Tarcísio é zero ou muito pequeno, Michelle também se destaca. A ex-primeira-dama supera o desempenho do governador, que apresenta um padrão de apoio diferencial semelhante ao de seu padrinho político, Jair Bolsonaro.
Em fevereiro, um levantamento feito pelo instituto Paraná Pesquisas no estado revelou que Michelle alcançava 6 pontos percentuais a mais entre as mulheres em comparação com o governador Tarcísio. Além disso, a ex-primeira-dama também superava numericamente o apoio feminino dado ao presidente Lula, reforçando seu potencial no maior colégio eleitoral do país, governado por Tarcísio.
Chance de Michelle substituir Bolsonaro em 2026
Apesar de Michelle demonstrar potencial eleitoral para ser o nome do bolsonarismo na disputa contra Lula no ano que vem, Jair Bolsonaro não dá sinais claros de que pretende indicá-la como sua sucessora. Pelo contrário, o ex-presidente adota uma postura ambígua. Os indícios apontam que o “Plano B” mais provável seria lançar o “zero três”, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) como o nome do clã.
Eduardo viajou para os Estados Unidos alegando estar sendo perseguido pelo Judiciário brasileiro. Durante sua estadia no exterior, tem se articulado para pressionar por sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e busca abrir canais de diálogo com o Congresso de maioria Republicana e com o entorno de Donald Trump, com o objetivo de se fortalecer dentro da direita e retornar ao Brasil maior do que saiu para disputar as eleições de 2026.
Outro caminho
No PL, comandado por Valdemar Costa Neto, o nome de Michelle é considerado como alternativa, pelos atributos acima, mas em geral é feita a ressalva que a decisão está na mão do ex-presidente. Por ora, nos bastidores do partido fala-se que a maior chance é que ela seja escolhida para concorrer a uma das duas vagas ao Senado que estarão em disputa no próximo ano no Distrito Federal, movimentando o cenário político local.
A pesquisa mais recente, feita em março pelo Instituto Paraná, mostra Michelle Bolsonaro liderando as intenções de voto para o Senado, com 43%. Ela aparece à frente até mesmo do atual governador e aliado de Bolsonaro, Ibaneis Rocha (MDB), que registra 37%.
Há uma estratégia do bolsonarismo de tentar consolidar uma ampla maioria no Senado a partir de 2027 para viabilizar quorum suficiente para se promover o impeachment de ministros do STF. O movimento é monitorado e de certa forma temido tanto no atual governo como na Suprema Corte e está direcionando também as discussões políticas coordenadas por Lula, no esforço de reeleição e manutenção da esquerda no poder.