Motta diz que tarifaço de Trump gera incertezas e Brasil precisa se autoproteger

Diante do anúncio da imposição de tarifas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no último 2 de abril, o Congresso Nacional, ao lado do Poder Executivo e do Judiciário, agora possui a tarefa redobrada de ser mais eficiente na gestão da máquina pública e do dever fiscal, além da responsabilidade de que o país, mais do que nunca, “acerte a mão de sua direção econômica”. A avaliação foi feita pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), nesta segunda-feira (7/4), em evento na Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em São Paulo.

Na ACSP,  o parlamentar palestrou sobre o cenário geopolítico mundial e os efeitos práticos das tarifas impostas pelo governo Trump ao Brasil. Segundo Motta, o anúncio do “tarifaço” de Trump se confirma uma mudança de parâmetro e de comportamento para os países que até então tinham como concepção o multilateralismo e o livre mercado.

Para o parlamentar, o país há uma mudança de comportamento para aquilo que “nos leva a períodos bem retrógrados”, caracterizado pela volta do bilateralismo e do mercantilismo como condutor da geopolítica econômica mundial. 

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Motta diz ter dúvidas sobre a possibilidade de essa decisão do governo americano gerar oportunidades para os países emergentes. “Nós temos muitas dúvidas, já que nós temos o grande parceiro comercial do Brasil, que é a China, entrando numa rota de colisão com os Estados Unidos, onde ela é o maior parceiro comercial, fornecedor de mercadorias para os Estados Unidos. E depois dessas tarifas nós não sabemos como isso vai ficar”, disse.

Neste novo contexto, o Brasil foi taxado em 10% e a China em 34%. Por causa desse novo cenário, o presidente da Câmara defendeu um diálogo permanente com o setor produtivo, para poder, diante das experiências de cada área, orientar do ponto de vista legislativo e regulatório as medidas a serem adotadas para que, se ocorrer algum efeito danoso em função das tarifas impostas, ele ser o menor possível ao país. 

Eu penso que o Congresso tem um papel fundamental nisso, e hoje, como as bancadas estão colocadas, representadas, eu vejo que há uma consciência nesse sentido”, afirmou Motta. Na avaliação de deputado, há hoje no Congresso Nacional, que destacou como “mais conservador” e de “centro-direita”, um desejo de discutir tais medidas com mais profundidade, para que o país possa, de alguma forma, aproveitar esse momento e se autoproteger. 

Como exemplo, o parlamentar mencionou o PL da reciprocidade, visto como uma conduta que pode contribuir para que o Brasil avance diante de “tantas incertezas”. Ao final de sua fala, Motta ainda sinalizou que pretende avançar a discussão no Congresso sobre a revisão incentivos fiscais, a proposição da mudança no sistema eleitoral para implementação do voto distrital misto e questões sobre a segurança pública.

“Há, na minha avaliação, a concepção que está exagerada essa política de incentivos fiscais. Eu não sei se o país suporta isso por muito mais tempo. Hoje, nós temos, em média, em torno de R$ 650 bilhões em incentivos. De certa forma, eu penso que precisa ser revisto”, afirmou o deputado. 

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