Os cortes de geração, conhecidos no setor elétrico como “curtailment”, são vistos como “inibidores” para investimentos no segmento de geração no Brasil, afirmou Gustavo Estrella, presidente da CPFL Energia. Na avaliação do executivo, é preciso que o tema seja endereçado para que surjam oportunidades e haja segurança para que sejam desenvolvidos novos projetos no País.
A sobreoferta de energia, que, segundo Estrella está em torno de 20% no Brasil, também é um desafio quando se fala de investimentos no segmento de geração. De acordo com ele, o grupo tem quase 4 gigawatts (GW) em pipeline para possíveis novos investimentos, ou seja, empresa se prepara para que projetos possam entrar em desenvolvimento a medida que haja oportunidades de investimentos.
“Temos um desafio hoje que é o corte de geração. O tema curtailment hoje é um inibidor de investimentos em geração. Isso, claro, precisa ser endereçado para que oportunidades apareçam e a gente possa, com segurança, endereçar algum investimento novo”, afirmou.
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Outro ponto destacado pelo executivo é a questão da intermitência, o que também reflete nas perspectivas de novos investimentos, sobretudo em renováveis, como eólicas e solar. Estrella afirma que o Brasil tem vocação para em investimentos de energias renováveis e acredita que isso deve continuar, mas é preciso analisar as alternativas possíveis para lidar com as intermitências das fontes.
Para ele, os sistemas de armazenamento, com o uso de baterias, e as usinas reversíveis estão entre as possibilidades. Ele cita que um possível leilão de baterias será avaliado pelo grupo. O certame vem sendo prometido pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para ser realizado ainda neste ano, mas a portaria com as diretrizes ainda não foi publicada.
“Também existem as hidrelétricas reversíveis e outras alternativas técnicas para endereçarmos o tema da intermitência. Teremos o leilão das baterias, no qual não sabemos o modelo de negócio, mas, certamente, um modelo que interessa participarmos devido à importância para o sistema. Conhecendo os detalhes e entendendo qual será o racional de remuneração, pode ser que funciona para gente como investimento”, disse.
As declarações foram dadas após a cerimônia de inauguração da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Lúcia Cherobim, localizada no rio Iguaçu, no Paraná. O evento realizado na manhã de quinta-feira (04/04) contou com representantes da empresa, autoridades do Estado, e também representantes da State Grid, que tem o controle acionário do grupo CPFL Energia.
De acordo com a empresa, o investimento de R$ 421 milhões reflete a estratégia da CPFL de fortalecer a matriz energética do país, aproveitando recursos naturais. Em 2024, a empresa gerou 96% de sua energia a partir de fontes renováveis e, com esse novo projeto, integra um portfólio de mais de 4.300 MW de capacidade projetada.
*A repórter viajou a convite da CPFL Energia para Porto Amazonas e Lapa, no Paraná