O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, reforçou a necessidade de desobstruir os canais de política monetária, em painel com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), e a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB-MS). Em seu discurso durante evento de comemoração dos 60 anos do BC nesta quarta-feira (2/04) o chefe da autoridade monetária disse que é comum agentes internacionais o questionarem porque o Brasil convite por tanto tempo com taxas de juros altas, consideradas restritivas, como a atual, e mesmo assim ter uma resiliência no crescimento econômico e taxas mais elevadas de inflação. Galípolo explicou que isso passa por diferentes mecanismos, como a existência de uma série de subsídios, que acabam por diminuir a potência da política monetária.
“Talvez o desafio maior que a gente tenha é o desafio da nossa geração que é tentar normalizar a política monetária do país”, disse o presidente do BC, enfatizando a importância da autonomia da autoridade monetária e elogiando seu antecessor, Roberto Campos Neto, que até hoje é alvo de críticas do atual governo.
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Simone Tebet mostrou concordância com a agenda de desobstrução dos canais da política monetária e destacou a necessidade de se reduzir os chamados gastos tributários, prioridade para ser endereçada na questão fiscal, que afeta a política monetária. A ministra, porém, aproveitou o ensejo para fazer um apelo Galípolo por uma redução da taxa de juros no segundo semestre. A ministra do planejamento reconheceu que hoje falta ao Brasil combater a inflação de forma eficiente, mas que não necessariamente isso ocorrerá com altas taxas de juros.
Terceiro a falar, Fernando Haddad não abordou a Taxa Selic ou diretamente a política monetária. O ministro da Fazenda focou seu discurso na institucionalidade do BC e fazer uma crítica ao que chamou de “má polarização política”. Para ele, a polarização por si só não é algo negativo e faz parte da democracia e da alternância de poderes, mas quando a tensão entre os polos impede uma agenda de estado, ela se torna prejudicial.
Acenos do Congresso
Os presidentes do poder legislativo, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e senador Davi Alcolumbre (União-AP) também estiveram presentes na comemoração das seis décadas da autoridade monetária e relembraram o papel do Congresso na construção de sua autonomia. Alcolumbre reforçou que a consuísta da autonomia fortaleceu a política monetária e a previsibilidade para investidores. O presidente do Senado, porém, relembrou que “a inflação, o crescimento sustentável e a estabilidade financeira seguem exigindo atenção e equilíbrio”.
O presidente da Câmara relembrou os feitos da Casa para a política monetária e econômica, citando o arcabouço regulatório e a criação do Comitê de Política Monetária.