Tarifas de Trump sobre automóveis afetam Brasil e aumentam pressão por tributação a veículos chineses

É inevitável que as novas tarifas de 25% anunciadas pelo presidente Donald Trump sobre todos os carros enviados ao mercado americano tenham impacto sobre a indústria brasileira, ainda que o Brasil exporte poucos automóveis para os Estados Unidos.

O alvo do Republicano é, mais uma vez, a China. Mas a medida — que passa a valer a partir de 3 de abril — representa escalada significativa na guerra comercial global. Mexe com o mercado internacionalmente e deve gerar o chamado desvio de comércio.

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Os automóveis que não embarcarem para os EUA vão procurar destino e um deles pode ser o Brasil. Isso fortalece o discurso protecionista da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que fala abertamente em dumping e subsídios. A entidade quer o aumento de imposto para automóveis chineses e já esteve com a demanda em reuniões no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que deve reagir.

Há uma possibilidade de que saia algo neste sentido na próxima reunião do Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) de 8 de abril a próxima.

Isso, contudo, pode ser feito a qualquer tempo. Em tese, o Gecex teria, antes, que levar a consulta pública os pedidos que recebe do setor para alteração de tributos. Mas quando governo quer tomar uma decisão faz independentemente do pedido, como foi o caso do oxigênio na pandemia para Manaus. Este é um setor poderoso e importante para a economia brasileira. E o governo brasileiro reconhece que, se levada adiante, a medida americana pode provocar danos importantes sobre ele.

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Talvez como medida de prevenção, a chinesa BYD entrou com três pedidos de redução de impostos. Seria uma forma de fazer pressão na direção oposta, já que o governo avalia os pedidos em curso.

Sobre processos antidumping contra os chineses, o setor já havia prometido que o faria na Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O prazo para o Departamento de Defesa Comercial (DECOM) receber novos pedidos neste trimestre é 31 de março. Como mostrou o JOTA, o governo espera um aumento significativo no número de processo antidumping diante do tarifaço e das políticas altamente protecionistas do governo Trump.

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