Seminário no CRAB mostra o crescimento do Artesanato no país e lança o Mosaico Amazonas

O último dia do II Seminário Mãos Que Promovem o Brasil, realizado pelo Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro em parceria com o Sebrae Nacional, apresentou a um público de artesãos, gestores e especialistas iniciativas que promovem o desenvolvimento sustentável do setor do Artesanato. Na abertura desta quinta-feira (27), foi lançado o Mosaico Amazonas, um grande mapeamento cultural do artesanato amazonense.

O gerente do CRAB, Marc Diaz, deu as boas-vindas ao público convidado e explicou que o Centro está adotando estratégias para se tornar um Polo de Conhecimento voltado para o mercado do artesanato. Coordenadora do CRAB e organizadora do Seminário, Natalia Lorenzetti agradeceu a presença de todos e, em especial, dos artesãos.

Cada artesão, de cada região, tem que ter um tratamento especial, respeitando a diversidade. Isso está norteando a nova fase do CRAB no desenvolvimento de um conteúdo mais qualificado.

Natalia Lorenzetti, coordenadora do CRAB.

Em seguida, a analista do CRAB Laura Landau apresentou o Mosaico Amazonas, idealizado pelo CRAB Sebrae. “Realizamos um mapeamento cultural do artesanato daquela região. Esse projeto piloto destaca a riqueza e diversidade do artesanato amazonense, reforçando sua importância no cenário nacional”, explicou Laura.

A primeira palestra foi conduzida pelo arquiteto Maurício Arruda, que falou sobre a influência do artesanato e da arte brasileira na arquitetura. “No lugar mais nobre da casa, é onde eu vou colocar a peça de artesanato. Isso é chic”, afirma.

O Seminário apresentou ainda o painel Inovação Sustentável no Mercado, com a participação de Priscila Konce, analista do Programa de Multiplicadores do Sistema B; Barbara Ladeia, gerente de Inovação Social na Yunus Negócios Sociais Brasil; Amanda Santana, fundadora da loja Tucum; Lilyan Berlim, professora doutora em Designer Têxtil da ESPM, e Julio Ledo, especialista em Negócios de Impacto e Desenvolvimento Territorial (mediador).

O segundo dia do Seminário foi encerrado com o workshop Repensando um Sistema mais Justo e Sustentável para o Mercado do Artesanato, mediado por Verônica Marques, designer de experiência.

Arquiteto Maurício Arruda apontou a influência do artesanato na arquitetura brasileira. Foto: Sebrae/RJ.

Primeiro dia

O evento teve início na quarta-feira (26) com a palestra Como se Posicionar no Mercado a partir da sua Produção Autoral. O designer Leonardo Bueno compartilhou dicas de criação, otimização de processos e alertou para a necessidade de surpreender o público consumidor.

“Aonde vocês querem chegar? O que você sonha para seu trabalho? O que você quer que seu trabalho faça para você? E o que você tem que fazer para esse trabalho fazer para você?”, provocou Leonardo.

A gente é business. Quando a pessoa usa a palavra comprar, a gente deixa de ser só artista e vira negócio. Então, a gente tem que ser muito sério e tratar muito bem quem está do outro lado, seja consultor, cliente ou lojista.

Leonardo Bueno, designer.

Mestre artesã Sil da Capela transformou sua vida com a produção de bonecas de barro. Foto: Sebrae/RJ.

Arte dos Mestres

Após a palestra inicial, o seminário promoveu o painel Arte dos Mestres com o fundador da Marco 500, Marco Pulcherio; a diretora executiva da Artesol, Josiane Masson; e a mestre artesã Sil da Capela. Além de mostrar seus trabalhos, os palestrantes compartilharam a necessidade de fomentar o mercado e capacitar novos profissionais.

A gente trabalha com o ser humano, a gente trabalha com o belo e, em especial, na valorização do imperfeito. O que vale é o bem-feito e essa foi a veia principal da nossa seleção.

Marco Pulcherio, fundador da Marco 500

Para a mestra artesã Sil da Capela, trabalhar com o artesanato mudou sua trajetória de vida. Vinda do campo como cortadora de cana, em 2001 a artista participou de oficinas profissionalizantes do Sebrae para mães de crianças com deficiência e começou sua carreira profissional.

Ela encontrou na produção de bonecas de barro o reconhecimento artístico e uma nova fonte de renda. No evento, ela agradeceu o apoio recebido nas feiras pela instituição. “É cuidado de botar preço no seu trabalho, é o cuidado de você realizar seus sonhos, é o cuidado de você não sair sem ter o seu lado financeiro, do humor. Quando artista está fazendo, está vendendo, ele está cuidando de si”, pontua Sil.

Seminário anual

Este foi o segundo evento de uma série de debates que o CRAB irá promover todos os anos para discutir temas importantes do ecossistema do Artesanato. Ao final desses debates, será produzida uma publicação com a consolidação de todos os temas abordados no seminário, que será entregue a agentes políticos, públicos e privados, tomadores de decisões e formuladores de políticas públicas.

Cabe lembrar que no I Seminário, em dezembro passado, foi debatido o Artesanato como indutor de desenvolvimento territorial. Neste segundo, o tema principal são as discussões sobre o futuro sustentável do artesanato e mecanismos e inovações para uma comercialização justa.

Estima-se que o mercado artesanal no Brasil movimenta aproximadamente R$ 50 bilhões por ano, empregando cerca de 8,5 milhões de pessoas, sendo a maioria mulheres (aproximadamente 80%). ​No entanto, o número pode ser ainda maior, já que muitos profissionais atuam na informalidade.

O CRAB funciona de terça à sábado, das 10h às 17h. Foto: Divulgação.

Sobre o CRAB

Inaugurado em um prédio histórico da Praça Tiradentes, no centro do Rio de Janeiro (RJ), o CRAB realiza atividades que reforçam sua missão de promover o artesanato nacional e contribuir para qualificar a imagem dos produtos feitos à mão no Brasil.

Com uma rica programação de conteúdos e exposições, o CRAB celebra as manifestações culturais relacionadas ao artesanato, atraindo o público para o diálogo. O CRAB também é uma ferramenta mercadológica importante para o aperfeiçoamento e capacitação do setor socioeconômico, dando visibilidade às identidades culturais de todo o território brasileiro.

Em suas galerias estão ou passaram importantes trabalhos de artesanato, revelando histórias, origens e territórios. Atualmente, o espaço abriga uma coleção de 2.000 itens de todos os tipos, que representam a expressão da cultura popular e da criatividade brasileiras.

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