IDOR: ciência do Brasil para o mundo

Os estudos e pesquisas que buscam melhorar diagnósticos e tratamentos médicos têm potencial devastador em um mundo globalizado. Nesse cenário, além das escolas tradicionais de medicina, por onde parte do conhecimento em saúde é produzido no Brasil, institutos criados por centros hospitalares de excelência já consolidados demonstram força crescente. O Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) é um dos exemplos de como a ciência e a pesquisa transformam o cenário da medicina. 

As primeiras áreas de pesquisa do IDOR foram a neurociência – um dos destaques da atuação do instituto –, a medicina intensiva e a medicina interna. Hoje, perto de completar 15 anos, a entidade se mostrou capaz de contribuir para a produção de conhecimento em contextos de pressão sobre os sistemas de saúde. Em um cenário que exigia respostas rápidas e decisivas, o IDOR avançou sobre o Zika e suas consequências no desenvolvimento do sistema nervoso central, como a microcefalia, e também conduziu diferentes linhas de pesquisa em resposta urgente à pandemia de Covid-19. 

Além dessas, outras áreas como pediatria, oncologia, cardiologia, patologia e hematologia, também cresceram desde a fundação do IDOR em 2010, formando um quadro mais completo da ciência na área da saúde. 

Pesquisa integrada à prática médica

A entidade sem fins lucrativos atua em sinergia com a Rede D’Or e, com isso, tem acesso à maior plataforma multicêntrica do país para desenvolvimento de pesquisas translacionais, que correlacionam as informações obtidas na bancada dos laboratórios aos dados clínicos relativos ao cuidado dos pacientes, e da clínica de ponta. Essa proximidade permite ainda converter descobertas de laboratório em benefícios aos pacientes. 

A rede de assistência em saúde tem 79 hospitais, 60 ambulatórios de múltiplas especialidades e 56 clínicas de oncologia em 14 estados brasileiros. Essa estrutura garante um fluxo contínuo de dados clínicos e laboratoriais, possibilitando estudos robustos e a implementação de novas terapias de forma ágil. “A capacidade de integrar a pesquisa à prática médica é uma das forças de nossa instituição, permitindo que avanços científicos se traduzam rapidamente em melhores desfechos clínicos para os pacientes”, diz a pesquisadora Fernanda Tovar-Moll, presidente do IDOR. 

Números da pesquisa clínica nos últimos 5 anos

  • 2.048 Feasibilities
  • 150 Estudos finalizados
  • 224 Estudos em andamento
  • 120 Estudos em implantação 
Sede do IDOR em São Paulo. Foto: Rede D’Or/Divulgação

Rede global de colaboração

O IDOR tem parcerias com renomadas instituições brasileiras, como a Fiocruz, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade de São Paulo (USP). Além do Brasil, o instituto ainda atua em colaboração com universidades e centros de pesquisa em mais de 80 países. 

As pesquisas desenvolvidas pelo centro resultaram em mais de 2.300 artigos publicados em revistas científicas de prestígio. Os trabalhos já foram citados em mais de 62 mil publicações ao longo dos anos. O índice Field Weighted Citation Impact (FWCI), que mede a influência científica global, posiciona o IDOR (2,11) ao lado de conceituadas universidades e centros de pesquisa do mundo, como Harvard (2,08), MIT (2,28) e Stanford (2,23).

Com o apoio da iniciativa Ciência Pioneira, criada em 2021, o instituto se prepara para enfrentar os grandes desafios de saúde do presente e do futuro. O programa foi pensado para apoiar a formação, o desenvolvimento e a atração de talentos para produzir ciência de fronteira no Brasil. Para isso, calcula investir, em dez anos, R$ 500 milhões em linhas de estudo promissoras e pouco exploradas na interface entre as ciências biomédicas, a da saúde e as ciências exatas.

A iniciativa tem um time formado por mais de 100 pesquisadores de diversas especialidades, com alguns dos cientistas mais influentes do mundo em suas respectivas áreas, como neurociências, oncologia e terapia intensiva.

Financiamento e fomento para pesquisa e inovação

Em 2024, o IDOR teve dois projetos de pesquisa e inovação selecionados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O programa atua como uma agência de fomento ao desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação no Brasil. 

Um dos projetos é intitulado “Investigação Longitudinal de Novos Biomarcadores para o Diagnóstico, Prognóstico e Predição de Doença de Alzheimer e Desordens Relacionadas”. O trabalho pretende identificar novos biomarcadores que ajudem no diagnóstico precoce e na previsão do declínio cognitivo em idosos com Alzheimer, com potencial de alterar o curso da doença.

De acordo com Tovar-Moll, uma das líderes da pesquisa, “o IDOR está bem equipado para realizar estudos de alto nível nessa área, dispondo de equipamentos de neuroimagem avançada, laboratórios de biologia molecular e bioquímica, além de espaços dedicados ao acompanhamento dos participantes em clínicas especializadas em distúrbios da memória e doenças neurodegenerativas. 

Também aprovado pela Finep, o projeto liderado pelo pesquisador Bruno Solano irá desenvolver uma plataforma tecnológica de edição gênica com CRISPR/Cas9 para tratar duas condições: anemia falciforme e Doença de Alzheimer. “O CRISPR é uma ferramenta que funciona como uma ‘tesoura’ molecular, permitindo que cientistas façam edições precisas na sequência do DNA, o que pode corrigir genes que causam doenças”, explica Solano.

Em dezembro de 2023, a primeira terapia de edição gênica com Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats (CRISPR) para a anemia falciforme, desenvolvida pela Vertex Pharmaceuticals nos EUA, foi aprovada pela FDA, a agência americana que regulamenta remédios e alimentos. O tratamento demonstrou resultados clínicos impressionantes, mas com custo aproximado de US$ 2 milhões por paciente. 

Com notícias da Anvisa e da ANS, o JOTA PRO Saúde entrega previsibilidade e transparência para empresas do setor

“Estamos desenvolvendo um método inovador de entrega do CRISPR/Cas9 mediado por peptídeos, com o objetivo de reduzir custos e tornar essa terapia uma realidade para mais pessoas em todo o mundo”, afirma o pesquisador, sobre a pesquisa em parceria com o Innovative Genomics Institute, liderado pela ganhadora do Prêmio Nobel, Jennifer Doudna, da Universidade da Califórnia em Berkeley.

Em relação ao Alzheimer, a pesquisa explora duas abordagens terapêuticas inovadoras por meio da tecnologia CRISP. A primeira envolve o aumento da produção da proteína irisina, conhecida por ser um potencial neuroprotetor e produzida durante a prática de  exercício físico, por meio da edição gênica. A segunda consiste na aplicação de uma metodologia inovadora para entregar a irisina diretamente às células afetadas do cérebro. “Essa estratégia pode otimizar a administração de tratamentos neuroprotetores de forma não invasiva, podendo não só retardar ou até prevenir o progresso da doença, como transformar a qualidade de vida dos pacientes”, afirma Solano. 

Além dos recursos da Finep, o IDOR tem acessado outros meios de financiamento para a produção de pesquisa, segundo Luiz Eugênio Mello, diretor de Pesquisa e Inovação do IDOR. “O fomento tem sido captado também junto a outras fontes nacionais como Faperj, Fapesp, CNPq e Capes, bem como em volumes expressivos vindos de organizações internacionais como o Wellcome Trust, Okinawa Institute of Science and Technology e Bill and Melinda Gates Foundation”, pontua.

Formação de talentos

O instituto ainda entende que a contribuição se dá de forma direta para o desenvolvimento de novas terapias, mas também pelo investimento na formação e no aprimoramento dos profissionais de saúde e no avanço da educação científica.

Para consolidar o avanço na educação científica, em 2017 foi criada a Faculdade IDOR, com cursos em diversos níveis de ensino, que vão desde a graduação – com destaque para os cursos de Enfermagem, Psicologia e Tecnologia em Radiologia – passando por pós-graduação stricto sensu, residência médica e multiprofissional, entre outros, até programas de mestrado e doutorado.   

Um dos programas educacionais é o Férias com Ciência, uma imersão exclusiva para estudantes de graduação de todo o Brasil e do exterior. Por meio dele, os jovens são inseridos em um ambiente colaborativo, onde têm a chance de interagir com pesquisadores experientes do IDOR que atuam em diversas áreas, como neurociência, oncologia, pediatria e terapia intensiva. Eles convivem também com outros alunos de graduação, pós-graduação e colaboradores do Instituto, ampliando suas redes de aprendizado e experiência.

Além de despertar o interesse pela ciência, o programa se propõe a inspirar os participantes a serem futuros líderes no campo da pesquisa, contribuindo para o desenvolvimento de soluções inovadoras que possam transformar a assistência à saúde no Brasil e no mundo. Na mesma linha, o IDOR também promove o Tour da Ciência e o IDOR Day, recebendo alunos do ensino médio de escolas públicas e privadas. 

O instituto destaca, portanto, a ciência brasileira no cenário internacional, e, ao avançar no desenvolvimento de novas soluções para a saúde, fortalece o posicionamento do Brasil como um polo de inovação e excelência e como um agente transformador na ciência médica global. 

TOP 10 INSTITUIÇÕES INTERNACIONAIS QUE MAIS COLABORARAM COM O IDOR EM PUBLICAÇÕES NOS ÚLTIMOS 5 ANOS.
(DE UM TOTAL DE 1.302 INSTITUIÇÕES)

  1. Universidade Monash (Austrália)
  2. Universidade de Oxford (Inglaterra)
  3. Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica – Inserm (França)
  4. King’s College London (Inglaterra)
  5. Centro de Investigação Biomédica de RED (Espanha)
  6. Instituto de Saúde Carlos III (Espanha) 
  7. Universidade Harvard (EUA) 
  8. Universidade de Barcelona (Espanha)
  9. Universidade de Amsterdã (Holanda)
  10. Universidade de Toronto (Canadá) 

TOP 10 INSTITUIÇÕES NACIONAIS QUE MAIS COLABORARAM COM O IDOR EM PUBLICAÇÕES NOS ÚLTIMOS 5 ANOS.
(DE UM TOTAL DE 170 INSTITUIÇÕES) 

  1. Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
  2. Universidade de São Paulo – USP
  3. Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz
  4. Universidade Federal de São Paulo – Unifesp
  5. Universidade Federal da Bahia – UFBA
  6. Universidade Estadual de Campinas – Unicamp
  7. Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
  8. Hospital São Rafael
  9. Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
  10. Hospital Sírio-Libanês
Adicionar aos favoritos o Link permanente.