Copom reforça recado de que política econômica deve cuidar para não obstruir combate à inflação

A ata da última reunião do Copom reforçou a mensagem de que a política econômica do governo precisa cuidar para manter “desobstruídos” os canais de transmissão da política monetária. Entre os citados está o crédito, alvo de medidas recentes, como a Medida Provisória 1292/2025 do consignado privado, produto que está tendo uma procura relevante.

A menção à desobstrução dos canais não é a primeira vez que é feita na ata, mas a construção nessa edição do documento deixa o recado mais claro para o governo, em um contexto no qual a autoridade monetária mostra que segue bastante preocupada com o quadro inflacionário e as expectativas.

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“Com relação à política econômica de forma mais geral, o aspecto mais ressaltado foi a relevância da manutenção de canais de política monetária desobstruídos e sem elementos mitigadores para sua ação. A política monetária atua por diferentes canais, dentre eles o crédito, fazendo com que o volume de empréstimos reaja às condições financeiras e às expectativas, à medida que avaliações sobre o futuro impactam o consumo e o investimento correntes. Para o cumprimento de seu mandato e convergência da inflação à meta com menores custos, a política monetária deve ser capaz de atuar sem impedimentos em todos os canais”, diz o documento do colegiado do BC.

O Copom deixa claro que persegue uma desaceleração da economia, que seria necessária para esfriar a inflação, bem como suas expectativas, para a meta, fixada de forma permanente em 3%. A análise do time liderado pelo presidente Gabriel Galípolo é que esse processo está em curso, mas ainda em ritmo incerto, com sinais dúbios.

Nesse sentido, o recado sobre política econômica também deve ser lido sob um prisma de que o BC entende que o governo precisa cuidar para não atrapalhar esse processo de contenção do nível de atividade. Além do consignado privado, que afeta o crédito (e a demanda nesses primeiros dias mostra que esse pode de fato ser um problema de contradição com a política monetária), o governo tem adotado medidas que estimulam o consumo no curto prazo, como a liberação do FGTS, e no médio prazo, com a formalização da proposta de reforma do IR com isenção para rendas de até R$ 5 mil.

O governo entende a necessidade de desaceleração, mas quer evitar que ela seja muito intensa e afastar o risco de uma recessão. Claramente há uma tentativa do governo de administrar essa desaceleração e garantir que o país, uma vez estabilizado o IPCA, volte a acelerar em 2026. Isso ficou muito claro na frase do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao dizer que não acredita que uma “recessão seja necessária para baixar a inflação”.

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