Suspeita de desviar R$ 530 mil de empresa disse a juiz que não tiraria dinheiro de contas se fosse solta: ‘Faço esse compromisso’


Em audiência de custódia foi determinado o pagamento de R$ 100 mil de fiança, que poderia ser cancelado com o bloqueio de bens e valores da investigada. Mulher também é investigada por suspeita de golpe em posto de combustível. Juiz estabeleceu fiança para liberar suspeita de desviar R$ 530 mil de empresa
Presa em flagrante por suspeita de desviar mais de R$ 530 mil da empresa que trabalhava, a assistente financeira Iomayra Oliveira dos Santos, de 36 anos, tentou responder ao processo em liberdade se comprometendo a não retirar dinheiro das contas pessoais. O juiz que realizou audiência de custódia não aceitou a declaração e estipulou uma fiança de R$ 100 mil para que ela fosse liberada.
A prisão de Iomayra foi no dia 20 de março após a patroa dela descobrir o suposto esquema de desvio de dinheiro das contas da empresa e fazer denúncia à Polícia Civil. Ela é investigada pelo crime de furto qualificado com emprego de confiança e foi levada para a Unidade Penal Feminina de Palmas.
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Ela passou por audiência de custódia na sexta-feira (21) e teve a prisão mantida. No vídeo da audiência, obtido pela TV Anhanguera, Iomayra diz que tem dois filhos menores de idade. O Ministério Público manifestou pela liberdade provisória da assistente financeira, com o uso de tornozeleira eletrônica e fiança.
A defesa se manifestou pela soltura somente com o uso de tornozeleira, mas o juiz negou e considerou que como o caso envolve patrimônio, poderia haver a possibilidade de Iomayra retirar a quantia que possui de contas bancárias.
“Por favor, excelência, meu celular está todo bloqueado. Eu faço esse compromisso [de não mexer no dinheiro]”, comentou a investigada durante a audiência, acompanhada da defesa.
O juiz paralisou a audiência por alguns minutos e, posteriormente, condicionou a liberdade ao pagamento de fiança. “Considerando que o crime praticado, apesar de tudo, não foi com emprego de violência, embora tenha causado um impacto aparentemente severo às finanças desta empresa, tenho por bem em lhe conceder a liberdade provisória, no entanto, ao pagamento de uma fiança de R$ 100 mil reais”, decidiu o juiz.
Como a 3ª Vara Criminal de Palmas ainda não havia decidido sobre o pedido da polícia para bloquerar as contas bancárias, ficou determinado que a fiança poderia ser dispensada em caso de decisão judicial pelo bloqueio de bens e valores de Iomayra.
A advogada Laura Gondim, que faz a defesa de Iomayra, informou que o inquérito ainda não foi finalizado e que “é prematuro concluir pela materialidade delitiva”. A defesa também disse que o bloqueio de bens foi deferido pela Justiça no mesmo dia da audiência de custódia, mas não informou se a investigada foi liberada da prisão (veja nota na íntegra no fim da reportagem).
Iomayra Oliveira dos Santos (de laranja) durante audiência de custódia
Reprodução
Habeas corpus negado
Ionayra, segundo a polícia, era responsável por fazer os pagamentos de fornecedores da empresa, mas desviava o dinheiro para uma outra empresa, em seu próprio nome. A polícia informou ainda que ela responde a outro inquérito por suspeita de fazer desvios em um posto de combustíveis onde trabalhou antes.
A defesa da assistente financeira chegou a pedir um habeas corpus para o Tribunal de Justiça, mas o pedido foi negado pelo desembargador João Rigo Guimarães.
A defesa pediu a liberdade provisória sem fiança alegando constrangimento ilegal por não ter sido acolhido o pedido de prisão domiciliar levando em consideração a condição pessoal e familiar da investigada. O pedido foi indeferido pela Justiça na sexta-feira (21).
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Fraude descoberta após falta ao trabalho
A fraude foi descoberta quando a mulher faltou ao trabalho e a empresária vítima do furto precisou desempenhar a função da suspeita, se deparando com um “sistema muito bagunçado”.
A empresária encontrou diversos boletos com pagamentos adiantados e, ao verificar o sistema, percebeu que os boletos estavam sendo pagos para uma empresa criada pela funcionária em seu próprio nome.
Depois, na data de vencimento dos boletos, os valores eram pagos novamente, mas dessa vez para os verdadeiros credores.
Conforme o delegado Evaldo Gomes, que investiga o caso, a mulher era assalariada, mas já estava acumulando capitais, possivelmente produto dos desvios da empresa em que era contratada desde julho de 2024.
“Ela vinha ostentando traços externos de riqueza, tendo um padrão de vida bem superior aos ganhos, tendo em vista que ela é assalariada com rendimento possível de R$ 1,5 mil por mês, e mesmo assim andava com carros importados novos, tinha mais de um imóvel, sempre viajava, gastava muito dinheiro com festas, tinha eletrodomésticos caros, eletroeletrônicos e estava acumulando capital”, explicou o delegado.
Na outra empresa que trabalhou, um posto de combustíveis, a investigada teria dado um prejuízo inicialmente de R$ 400 mil, mas que pode passar de R$ 700 mil, segundo o delegado Evaldo. Esse inquérito é apurado pela 2ª Delegacia de Polícia.
Íntegra da nota da defesa
Acerca das acusações, ainda é prematuro concluir pela materialidade delitiva, tendo em vista que houveram apreensões ilegais e o inquérito ainda não foi finalizado. A representante pontua que fará uma investigação defensiva até o relatório final, para que nenhuma ilegalidade ou retaliações sejam perpetuadas nesse processo.
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