Advogado preso pela PF em operação tinha salário de quase R$ 23 mil no Ministério Público


Informação é do portal da transparência do órgão ministerial, onde ele era servidor comissionado desde 2020. Ele estava lotado na 3ª Procuradoria de Justiça, em Palmas. Advogado Thiago Marcos Barbosa foi preso em operação da Polícia Federal no Tocantins
Reprodução/Arquivo Pessoal
O advogado Thiago Marcos Barbosa de Carvalho, preso durante operação da Polícia Federal em Palmas, tinha uma remuneração mensal de quase R$ 23 mil bruto como assessor jurídico, segundo o portal da transparência do Ministério Público do Tocantins (MPTO). A prisão ocorreu na manhã desta terça-feira (18) dentro de ação federal que apura vazamento de decisões judiciais.
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Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão e um de prisão autorizados pelo Superior Tribunal Federal (STF) em desdobramento da Operação Sisamnes, que investiga crimes de obstrução de justiça, violação do sigilo funcional, corrupção ativa e passiva.
Thiago Marcos trabalhava no gabinete do procurador Ricardo Vicente da Silva e é sobrinho do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), que não é investigado nessa operação.
O g1 ainda tenta contato com a defesa do procurador e do advogado. Em nota, o Ministério Público Estadual (MPTO) afirmou que todas as medidas necessárias para atender à determinação do Supremo Tribunal Federal foram adotadas e que “o servidor citado nas investigações que resultaram na operação da Polícia Federal foi exonerado do cargo nesta data” (veja nota completa abaixo).
Como servidor comissionado do Ministério Público desde 1º de junho de 2020, o advogado estava lotado na 3ª Procuradoria de Justiça, em Palmas. Em consulta ao portal da transparência, o g1 apurou que a remuneração pela função de confiança é de R$ 19.699,66 e mais R$ 3.160 de verba indenizatória. Somando, o total bruto chega a R$ 22.859,66. Com os descontos, ele recebeu nos meses de janeiro e fevereiro deste ano pouco mais de R$ 17,6 mil por mês.
No portal também é possível pesquisar os números do ano de 2024. No ano passado somados os meses, ele teve um rendimento bruto de R$ 311.911,18 e líquido de R$ 248.705,66.
O procurador de Justiça Ricardo Vicente da Silva também foi alvo de buscas dentro da operação federal.
A defesa do governador Wanderlei Barbosa afirmou que ele não recebeu nenhuma informação privilegiada, não é alvo da investigação e nem foi citado no processo. Também disse que Thiago Barbosa e Goianyr Barbosa, citados na investigação, não possuem qualquer vínculo com o Governo do Tocantins (veja nota completa abaixo).
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De acordo com a Polícia Federal, o inquérito apura uma suposta rede clandestina de monitoramento, comércio e repasse de informações sigilosas sobre o andamento de investigações sensíveis supervisionadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O vazamento das informações acabava frustrando o andamento de operações policiais.
Questionado, o Superior Tribunal de Justiça informou que não vai comentar sobre a operação realizada pela Polícia Federal.
A decisão é assinada pelo ministro Cristiano Zanin, do STF. Conforme apurado pela TV Anhanguera, a operação investiga a suposta participação de advogados, lobistas, empresários, assessores, chefes de gabinete e magistrados no suposto esquema.
Além dos mandados, foram expedidas medidas de afastamento das funções públicas, proibição de contato e saída do país, e recolhimento de passaportes.
O jornalista e ex-prefeito de Almas, Goianyr Barbosa de Carvalho, também foi preso durante a operação após a Polícia Federal encontrar uma mochila com R$ 22,5 mil na casa dele. Goianyr teria jogado o dinheiro pela varanda ao ver a movimentação em sua casa e pensar que fosse um assalto, segundo sua defesa.
Sobre o dinheiro encontrado na casa de Goianyr, o advogado Zenil Drumond informou que o jornalista foi preso em flagrante por suspeita de lavagem de dinheiro, mas que “não há elementos que comprovem a alegação da polícia”. Em entrevista à TV Anhanguera, ele contou que Goianyr chegou a jogar a mochila com dinheiro pela varanda da casa.
“Goianyr escutou o arrombamento da porta, ele imediatamente acordou e chamou o Thiago e achou que seria um assalto. Achando ser um assalto, o dinheiro estava guardado em uma mochila e o Goianyr arremessou esse dinheiro pela varanda, ou seja, na tentativa de que caso fosse realmente um assalto ele poder salvaguardar ali aquele dinheiro”, contou.
Íntegra da nota do Ministério Público Estadual do Tocantins
O Ministério Público do Tocantins (MPTO) informa que todas as medidas necessárias para atender à determinação do Supremo Tribunal Federal foram adotadas. A instituição reforça seu compromisso com a legalidade e a transparência e seguirá acompanhando o desenrolar dos fatos, colaborando com as autoridades competentes.
Além disso, o MPTO esclarece que o servidor citado nas investigações que resultaram na operação da Polícia Federal foi exonerado do cargo nesta data.
Íntegra da nota da defesa do governador Wanderlei Barbosa
A defesa do Governador Wanderlei Barbosa esclarece que desde o dia 15 de abril de 2024 ele foi formalmente habilitado no inquérito da FAMES-19 junto com seus advogados, tendo, desde então, acesso regular ao processo por meio dos trâmites legais.
Dessa forma, não houve qualquer recebimento de informação privilegiada um vez que a conversa mencionada na investigação da Operação Sisamnes, encontrada no WhatsApp dos suspeitos, data de 28 de junho de 2024, quase três meses desde que a defesa do governador já possuía acesso integral ao processo.
Reforçamos que o Governador Wanderlei Barbosa não é alvo da investigação e nem foi citado no processo. Eventuais desdobramentos são de exclusiva responsabilidade dos investigados, não cabendo qualquer tentativa de vinculação ao governador por atos individuais de terceiros.
Destacamos ainda que Thiago Barbosa e Goianyr Barbosa, citados na investigação, não possuem qualquer vínculo com o Governo do Tocantins. Thiago era assessor do Ministério Público Estadual (MPE), e seu pai, Goianyr Barbosa, não ocupa cargo na administração estadual.
A defesa reitera sua confiança nas instituições e no devido processo legal, assegurando o direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa.
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