Dia do Artesão: a valorização da arte manual como oportunidade para os pequenos negócios

Um tesouro escondido na zona rural da mata mineira, o Ateliê da Cerâmica Aldeia é um exemplo de negócio que produz peças de artesanato exclusivas e feitas à mão. Com a fabricação de filtros de água, pratos, xícaras e tantos outros produtos, o ateliê atende desde o público em geral até projetos personalizados para restaurantes.

Idealizada pela artesã Adriana Garcia, a marca busca valorizar tanto a tradição do ofício quanto a inovação, utilizando materiais como argila de qualidade e influenciada pelas referências no rico patrimônio cultural brasileiro. Hoje, a empresa que foi iniciada no Sítio da Aldeia durante a pandemia emprega quatro pessoas da comunidade.

Adriana representa os milhares de artesãos espalhados pelo Brasil, que são celebrados no 19 de março, o dia dedicado a essa categoria de profissionais e empreendedores. Estima-se que o artesanato representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, com um faturamento aproximado de 102 bilhões, e movimenta cerca de R$ 20 bilhões em compras de insumos da indústria.

Adquirir uma peça única e exclusiva já é uma tendência que aponta para uma valorização crescente do artesanato e prevê o surgimento de uma nova economia artesanal. Para a gestora nacional de Artesanato do Sebrae, Durcelice Mascêne, o reconhecimento da atividade é uma oportunidade para os pequenos negócios que atuam no setor.

Os pequenos negócios de artesanato estão, cada vez mais, em um grande momento de se posicionarem, principalmente nas redes sociais, para serem vistos e assim atenderem aos reais desejos dos consumidores. A riqueza está na divulgação da cultura e no impacto direto que o trabalho dos artesãos causa na comunidade.

Durcelice Mascêne, gestora nacional de Artesanato do Sebrae

O diferencial para empreender no setor é mostrar que, por meio das técnicas artesanais, o cliente pode obter algo que se diferencia do que é produzido em grande escala. “O artesanato traz aconchego, ele abraça e traz aquele sentimento de que um produto foi feito especialmente para mim. Essas sensações são um caminho de oportunidades para que esses negócios sejam reconhecidos e gerem renda para o nosso país”, conclui Durce.

Foto: Arquivo pessoal.

Desafios do mercado de artesanato

Apesar de ser alvo de políticas públicas de apoio e promoção, o setor enfrenta desafios significativos, o que inclui a carência de dados precisos que demonstrem sua efetiva participação no mercado de bens e consumo.

No caso do Ateliê da Cerâmica da Aldeia, por mais que as peças sejam um sucesso, Adriana conta que ainda existe uma barreira quando o assunto é a venda on-line. Ela destaca que tem um grande interesse em investir no e-commerce, mas o principal motivo que impede essa expansão é justamente a delicadeza das criações.

Já perdemos muito com o envio através de transportadoras e Correios que não nos fornecem nenhuma garantia. Isso encarece a peça e exige uma embalagem cara e resistente.

Adriana Garcia, artesã.

Por mais que existam grandes desafios, a empreendedora revela planos de aumentar o ateliê, lançar novas coleções que dialoguem com sustentabilidade e explorar também novos mercados, como aulas on-line e presenciais.

Parceria com o Sebrae

Na visão de Adriana, atualmente, as feiras artesanais promovidas pelo Sebrae são a melhor opção para a venda dos produtos fabricados artesanalmente pela equipe do ateliê. A localização do negócio na zona rural de Minas dificulta a venda presencial das peças.

Mas não é de hoje que o Sebrae é um grande parceiro da artesã mineira. Ela conheceu a instituição em 2004, por meio de uma associação da qual fazia parte em um momento crucial da sua jornada empreendedora, quando buscava formas de profissionalizar o negócio e alcançar novos clientes.

“O Sebrae foi fundamental para me ajudar a enxergar meu trabalho não apenas como arte, mas como um negócio. Eles me ajudaram a planejar melhor minhas finanças, posicionar minha marca no mercado e entender como conectar minha arte a um público mais amplo”, confessou Adriana, que também destaca que a instituição abriu portas para feiras e eventos que impulsionaram a visibilidade da marca.

Desde então, o Cerâmica da Aldeia participou de diversos programas de incentivo ao artesanato promovidos pelo Sebrae. O negócio chegou a ser um dos vencedores no Prêmio Top 100 do Artesanato do Sebrae em 2023. Além disso, com o apoio da instituição, a Cerâmica Aldeia teve o privilégio de fazer 600 kits para a Presidência da República oferecer no encontro do G20, realizado no Rio de Janeiro no ano passado.

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