STF forma maioria para tornar réus três deputados do PL denunciados por corrupção

Denúncia por corrupção. Créditos: depositphotos.com / diegograndi.

Recentemente, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou uma denúncia contra os deputados Josimar Maranhãozinho, Pastor Gil e Bosco Costa, todos do Partido Liberal (PL). A acusação, que está sendo julgada no plenário virtual do Supremo Tribunal Federal (STF), alega a prática de crimes de organização criminosa e corrupção passiva. Com a aceitação da denúncia, os parlamentares passam a ser réus e enfrentarão um processo penal que incluirá depoimentos e interrogatórios.

O caso envolve um suposto esquema de propina relacionado à destinação de recursos federais para o município de São José de Ribamar, no Maranhão. Segundo a PGR, em 2020, os deputados teriam solicitado ao então prefeito um pagamento de R$ 1,66 milhão em troca de emendas parlamentares que somavam R$ 6,67 milhões. Josimar Maranhãozinho é apontado como o líder do esquema, com influência sobre as emendas dos demais envolvidos.

Como funcionava o suposto esquema de corrupção?

A investigação revelou que o grupo utilizava uma rede de contatos, incluindo agiotas, blogueiros e empresários, para garantir o retorno de parte dos recursos destinados. Bosco Costa, por exemplo, teria envolvido familiares na destinação dos valores. A Polícia Federal indicou que o grupo exigia a devolução de 25% dos valores das emendas, utilizando até mesmo ameaças armadas para assegurar o pagamento.

Trocas de mensagens entre os deputados mostram orientações para evitar encontros que pudessem ser filmados, evidenciando a preocupação com a exposição do esquema. Esses elementos foram fundamentais para a denúncia, que se baseia em documentos, planilhas e depoimentos coletados durante a investigação.

Os deputados federais do PL Josimar Maranhãozinho (MA), Pastor Gil (MA) e Bosco Costa (SE) denunciados pela PGR — Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados e Mário Agra/Câmara dos Deputados.

Quais são as implicações da denúncia de corrupção?

O relator do caso, ministro Zanin, destacou que a denúncia possui elementos suficientes para justificar a abertura de uma ação penal. Segundo ele, há evidências de que os parlamentares atuaram de forma coordenada para solicitar vantagens indevidas, caracterizando corrupção passiva. O ministro Alexandre de Moraes também reforçou a gravidade da acusação, apontando para a prática de corrupção institucionalizada durante o exercício dos mandatos dos deputados.

Moraes ressaltou a ameaça representada pela criminalidade organizada, que, apesar de não ser um fenômeno novo, continua a crescer e a influenciar negativamente o Estado. A ministra Cármen Lúcia acompanhou o voto do relator, embora não tenha divulgado a íntegra de seu posicionamento.

O que esperar do processo penal?

Com a aceitação da denúncia, inicia-se um processo penal que incluirá a coleta de depoimentos de testemunhas e o interrogatório dos réus. A expectativa é que a Primeira Turma do STF julgue o caso após a fase de instrução. Se condenados, os deputados poderão enfrentar penas severas, além de possíveis consequências políticas.

Este caso destaca a importância da transparência e da responsabilidade no uso de recursos públicos, bem como a necessidade de mecanismos eficazes para combater a corrupção e proteger a integridade das instituições democráticas.

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