Se a eleição fosse hoje, Lula perderia? O que os números dizem

Se as próximas eleições presidenciais fossem hoje, Lula enfrentaria um cenário crítico. Com apenas 24% de aprovação e 41% de reprovação, segundo a última pesquisa Datafolha, o presidente atinge seu pior índice de popularidade desde que chegou ao poder.

Para qualquer governante, números assim são mais que apenas estatísticas — são sinais de alerta vermelho. Representam confiança abalada, promessas que não convenceram e, mais do que tudo, a possibilidade real de que o eleitor prefira outra alternativa em 2026.

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Olhando para o passado, a matemática eleitoral no Brasil já impôs suas condicionantes: nenhum presidente conseguiu se reeleger com menos de 40% de aprovação no ano da eleição. Quando esse número cai abaixo dos 30%, as chances de vitória praticamente desaparecem.

Foi exatamente o que aconteceu com Jair Bolsonaro em 2022, que, mesmo contando com a máquina pública e uma campanha de alta intensidade, não conseguiu reverter o desgaste e perdeu nas urnas. Agora, Lula caminha na mesma direção, enfrentando desafios semelhantes — e alguns ainda mais complicados.

A queda na popularidade tem explicações concretas. A economia segue como o grande calcanhar de Aquiles do governo. Inflação persistente, juros altos e o aumento do custo de vida atingem diretamente o bolso da população, especialmente das classes média e baixa. Esse sentimento de aperto financeiro impacta diretamente a confiança do eleitor.

Paralelamente, a segurança pública se tornou uma preocupação crescente, com a violência aparecendo no topo da lista das maiores angústias dos brasileiros. A percepção de que o governo não tem conseguido enfrentar esse problema apenas reforça o descontentamento. Para piorar, a comunicação governamental tem sido um fator de desgaste. A polêmica em torno de uma possível taxação do Pix gerou uma enorme onda de críticas, mostrando como um ruído mal gerenciado pode se transformar em uma crise política real.

Avaliando a partir de cálculo que combina dados históricos, indicadores econômicos, aprovação popular e análise de cenários políticos para estimar probabilidades eleitorais, se a eleição fosse hoje, Lula teria 90% de chance de não ser reeleito. Esse número não surge do acaso, mas da observação de padrões eleitorais.

Quando um governo chega ao ano eleitoral com alta rejeição e baixa aprovação, suas chances de reverter esse quadro são mínimas. Bolsonaro viveu isso em 2022. Dilma venceu em 2014 por uma margem apertadíssima, mas não conseguiu manter a governabilidade e sofreu impeachment. Lula, agora em seu terceiro mandato, encara um cenário ainda mais difícil: um eleitorado cristalizado pela polarização e uma tendência global de alternância de poder para a direita.

Isso não significa que o jogo está decidido — longe disso. Se existe um político no Brasil que já provou sua capacidade de virar o jogo, esse político é Lula. Em 2005, no auge da crise do mensalão, quando escândalos diários dominavam as manchetes e a oposição já falava em impeachment, sua aprovação despencou para 28%, a pior de sua história até então. Parecia o fim. Mas Lula sobreviveu, se reinventou e, menos de um ano depois, venceu a reeleição no segundo turno.

A política, no fim das contas, é um jogo de expectativas. Eleitores votam não pelo que vivem hoje, mas pelo que acreditam que podem viver amanhã. Se a percepção de estagnação e frustração continuar crescendo, o governo terá dificuldades em reconstruir a confiança popular. Ainda há tempo para reverter esse quadro, mas não há atalhos. Sem um ajuste na economia, uma resposta clara sobre segurança e uma estratégia de comunicação mais eficaz, Lula pode se ver preso em um ciclo difícil de romper.

A grande pergunta que fica é: o governo tem tempo suficiente para mudar essa tendência ou já entrou em uma areia movediça, onde cada movimento só reforça a insatisfação popular? Uma coisa é certa: eleição não se ganha na véspera, mas se perde bem antes.

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