55,1% dos profissionais de Direito são adeptos da IA generativa em suas atividades, diz estudo

Um estudo realizado pela seccional de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), em parceria com o Jusbrasil, a Trybe e o Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS-Rio) aponta que 55,1% dos profissionais da área de Direito adotam a inteligência artificial (IA) generativa em sua rotina profissional, principalmente para análise e resumo de documentos, criação de peças jurídicas e pesquisas de doutrina e jurisprudência.

Entre os entrevistados, 28,8% admitiram não utilizar de forma alguma a IA generativa em sua rotina, enquanto 16,1% responderam que utilizam raramente a inteligência artificial no dia a dia profissional. A pesquisa, divulgada nesta sexta-feira (21/2), coletou mais de 1.500 respostas em consulta online entre operadores do Direito de todo o país. Confira o relatório na íntegra.

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O relatório destaca os perfis que usam a tecnologia, os desafios enfrentados pelos profissionais e as oportunidades emergentes para o setor. Segmentando por perfil profissional, 50% dos advogados autônomos, 62% dos advogados de escritórios ou empresas privadas e 63% dos operadores do Direito no setor público fazem uso regular da tecnologia.

Os profissionais adeptos da tecnologia apontam impactos positivos. No grupo dos entusiastas, 78% dizem usar ferramentas de IA generativa pelo menos uma vez por semana e percebem ganhos expressivos, como a redução do tempo gasto em tarefas repetitivas, melhoria na qualidade dos documentos jurídicos e aumento geral na produtividade das instituições e dos profissionais.

“A chegada da IA generativa está revolucionando a lógica de trabalho dos advogados, empresas de tecnologia e departamentos jurídicos. O desafio, agora, vai além de apoiar os profissionais do Direito: é entregar soluções que ampliem a inteligência jurídica, garantindo confiabilidade, checagem e valor agregado na tomada de decisão. Velocidade é importante, mas em nada serve se não for confiável”, analisa Luiz Paulo Pinho, co-founder do Jusbrasil.

Entre os usuários frequentes, 86% acreditam que a capacitação é fundamental para o uso. Essa visão tem endosso do diretor executivo da Trybe, Matheus Ganem. Para ele, a capacitação é determinante para a percepção positiva sobre a tecnologia. “Dessa forma, capacitar os profissionais com as habilidades necessárias para redesenhar o trabalho com o apoio da IA vai permitir que dediquem mais tempo ao que realmente importa: a complexidade da análise jurídica e a relação humana com clientes e sociedade”, avalia.

Os que constituem o grupo de perfil neutro (47% dos consultados) reconhecem os benefícios da IA generativa, mas apontam desafios em integração à rotina jurídica, como a necessidade de supervisão humana.

Já o grupo considerado cético, correspondente a 5% das respostas do estudo, enxerga mais desafios do que oportunidades na adoção de IA generativa na rotina de trabalho. Esse grupo, segundo a pesquisa, tem a menor adesão à tecnologia e demonstra desconfiança sobre seu impacto na prática jurídica. Dentre as principais razões para desconfiança na ferramenta, apontam vieses nos processos e decisões automatizadas, acreditam que a IA compromete a ética jurídica e se preocupam com o risco de substituição de profissionais por IA generativa.

“O advogado não vai perder o trabalho para a inteligência artificial, mas é possível que perca mercado e espaço para advogados que utilizam essa tecnologia. E, por mais paradoxal que pareça, essa inovação fará com que os advogados se tornem mais humanos, exigindo o desenvolvimento mais profundo das habilidades e capacidades que os robôs não possuem”, avalia Leonardo Sica, presidente da OAB-SP.

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Apesar das preocupações apontadas pelos profissionais, 93% dos respondentes acreditam que o uso da tecnologia crescerá no próximo ano, o que indica um otimismo de que uma maior adoção da IA generativa no setor jurídico é apenas uma questão de tempo.

“A pesquisa indica que o profissional do Direito reconhece tanto as externalidades positivas quanto as negativas associadas ao uso da IA no setor jurídico. Ainda assim, fica evidente que as possibilidades apresentadas pela tecnologia são valorizadas, indicando um cenário de otimismo que deve levar o profissional da área a buscar cada vez mais oportunidades de capacitação e aprimoramento”, conclui João Victor Archegas, coordenador de Direito no ITS-Rio.

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