Pequenos negócios do ramo de alimentação se digitalizam para atender melhor os clientes

No Distrito Federal, o restaurante Casa Gaúcha atrai mensalmente quase 8 mil clientes no Setor de Indústrias Gráficas (SIA) para saborear self-service variado que inclui o tradicional churrasco sulista. Há pouco mais de um ano, quem frequenta o local se depara com um sistema de atendimento automatizado na pesagem das refeições, por meio de um pequeno robô que interage amigavelmente com os clientes e lança o pedido em uma comanda eletrônica. Além disso, para pagar a conta, o cliente tem a opção de usar um totem de autoatendimento.

A microempresa é administrada pelo empresário Marcos Borges e sua esposa Ângela Beatriz. Ele conta que está sempre atento às novidades do mercado para agregar valor ao negócio que recentemente ganhou novo nome e foi reformulado.

“Eu costumo ouvir as sugestões dos clientes e visito os locais para conferir e avaliar como posso adaptar ao restaurante. No caso do Jimi Robô, eu o conheci durante uma viagem em uma rede de restaurantes na estrada”, comenta.

No restaurante Casa Gaúcha, no DF, os clientes têm a opção de pagamento totalmente automatizado. Foto: divulgação.

Marcos afirma que o uso das soluções trouxe praticidade e integração ao atendimento, com impactos positivos na gestão. “Os lançamentos dos pedidos vão direto para o sistema do caixa. Não gastamos mais com o papel da comandas que agora são em cartão, evitando perdas e extravios. Esse tipo de recorrência caiu 80%”, explica o empresário, que já solicitou à empresa fornecedora do sistema que o cliente tenha a opção de não imprimir a nota fiscal pelo totem. “A maioria joga o cupom fiscal fora e isso é um custo para nós”, comenta.

Quanto ao valor do investimento na tecnologia, Marcos calcula que o valor aplicado foi resgatado em um ano. “Já estávamos no limite do atendimento com dois caixas e eram filas constantes. Agora não temos mais esse problema e continuamos com apenas um caixa tradicional para atender quem possue mais dificuldade com tecnologia e que gosta mais de interagir com outras pessoas”, acrescenta. Com o uso da tecnologia, o antigo funcionário do caixa foi realocado para outras atividades.

De acordo com o gerente-adjunto de Acesso a Mercados do Sebrae Nacional, Ivan Tonet, a transformação digital dos pequenos negócios é uma realidade que deve fazer parte do planejamento da empresa.

“Melhorar a eficiência dos processos internos do negócio, aprimorar interação com o cliente, bem como incrementar a experiência de compra e reduzir custos são alguns dos benefícios da utilização de tecnologias digitais na gestão das empresas”, avalia Tonet.

Pesquisa realizada pelo Sebrae, em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), aponta que no universo dos pequenos negócios, as empresas de pequeno porte (EPP) apresentam maior maturidade digital, enquanto os microempreendedores individuais (MEI) enfrentam mais desafios.

O mapeamento ouviu 6.933 negócios em todo o país, nas 27 unidades federativas, nos meses de abril e maio de 2024. Em relação ao setor, Comércio e Serviços mostraram os melhores resultados em interação digital. Considerando apenas as Microempresas (ME) e as Empresas de Pequeno Porte (EPP), o segmento de Atividades físicas/academias se destaca em maturidade digital, seguido pelo segmento de Educação e de Serviços de alimentação.

Automação em alta

Foto: divulgação.

O fornecedor do Jimi Robô e dos totens para o restaurante Casa Gaúcha é a Agille Tecnologia. A empresa, nascida como um pequeno negócio em Brasília há mais de 14 anos, hoje tem capacidade para atender todo o Brasil. De acordo com o diretor comercial da Agille, Aluizio Júnior, o foco da empresa é atender pequenos e médios negócios do ramo de alimentação.

O uso de automação em atendimento é uma tendência geral. Nesse ramo, os empreendedores são bem conscientes da necessidade da digitalização. A maioria tem interesse em comprar os equipamentos, mas ainda enfrentam dificuldades com o custo do investimento.

Aluizio Júnior, diretor comercial da Agille, fornecedor do Jimi Robô.

Aluizio acrescenta que os donos de pequenos estabelecimentos de alimentação, principalmente no interior do Brasil, têm buscado automação do atendimento em virtude da falta de mão de obra local.

“Além disso, os clientes, principalmente da nova geração, estão muito mais exigentes. Com um celular na mão, ele consegue fazer o pedido, pagar e receber em 40 minutos. Então quando eles vão em um estabelecimento, eles querem agilidade e que o tempo gasto seja pelo menos a metade”, avalia.

No caso do totem, o diretor comercial conta que a solução foi aperfeiçoada pela empresa para atender o ramo de alimentação. Por mês, a projeção de vendas é de 15 equipamentos. “As grandes empresas já utilizam totens há bastante tempo e as pessoas já conhecem o funcionamento, sejam em caixas eletrônicos e equipamentos semelhantes em shoppings e outros estabelecimentos. É uma tecnologia que já foi validada pelo público e se adapta muito bem ao segmento de serviços de alimentação”, acrescenta.

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