Estudiosos descobrem planta brasileira comum que pode ser a cura da leishmaniose

Planta eficaz contra leishmaniose. Foto: Germano Woehl Junior/RPPN das Araucárias Gigantes, Santa Catarina.

A leishmaniose visceral é uma doença que afeta milhares de pessoas em regiões tropicais, como o Brasil. O tratamento atual enfrenta desafios significativos, como a toxicidade e a resistência aos medicamentos. No entanto, um estudo recente revelou que a Nectandra leucantha, conhecida popularmente como canela-seca, pode ter a chave para uma abordagem terapêutica mais eficaz contra essa enfermidade.

Pesquisadores de universidades no Brasil, Reino Unido e Portugal trabalharam juntos para explorar o potencial desta planta. Os primeiros resultados são promissores e indicam que seus compostos podem eliminar o parasita Leishmania infantum, responsável pela leishmaniose visceral, de maneira seletiva, preservando as células hospedeiras. Este avanço é crucial em um cenário em que encontrar soluções para doenças negligenciadas é imperativo.

Leishmaniose. Créditos: depositphotos.com / SingHa Wk.

O processo de descoberta

O início do estudo envolveu a síntese laboratorial de desidrodieugenol B, um composto presente na Nectandra leucantha. Sob liderança de pesquisadores renomados, a equipe buscou criar uma versão molecularmente otimizada deste composto. Através de experimentos exaustivos, eles conseguiram desenvolver uma versão quatro vezes mais potente que o protótipo original.

Entretanto, desafios surgiram durante os testes em animais. O composto circulava no organismo dos roedores por um tempo inferior ao desejado, sinalizando a necessidade de melhorias. Com empenho, a equipe trabalhou na reformulação química, resultando em um composto com maior meia-vida, agora alcançando 21 horas no organismo, uma melhoria significativa na sua biodisponibilidade.

Impacto dos novos compostos contra a leishmaniose

Os compostos reformulados não apenas permaneceram mais tempo no organismo, mas também demonstraram ser seguros para as células hospedeiras, evitando efeitos colaterais indesejados. As análises in vitro revelaram que o novo composto provoca um colapso irreversível no sistema energético do parasita, além de exibir atividade anti-inflamatória, crucial para o tratamento da doença.

Ainda que o caminho para um tratamento eficaz seja longo, os resultados alcançados até agora oferecem uma base sólida para pesquisas futuras. Os próximos passos incluem a realização de testes em animais infectados com leishmaniose para determinar a eficácia e a segurança do composto, ajustando as doses necessárias para o tratamento.

Desafios do novo medicamento contra a leishmaniose

O desenvolvimento de um novo medicamento demanda tempo e recursos, estimando-se cerca de 15 anos para chegar ao mercado devido a protocolos de segurança extremamente rigorosos. O interesse das grandes farmacêuticas por doenças negligenciadas é limitado, destacando a importância de estudos como este, que buscam alternativas viáveis usando a biodiversidade local do Brasil.

Com a leishmaniose visceral registrando milhares de mortes anuais, a busca por novos medicamentos é urgente. A natureza oferece um amplo leque de possibilidades e, através da pesquisa científica, é possível transformar conhecimento em soluções eficazes para problemas de saúde globais.

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