Quem é Hugo Motta, candidato favorito à presidência da Câmara dos Deputados

Candidato à presidência da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) é conhecido pelo ótimo trânsito na Casa, nos mais diversos espectros e pelo bom relacionamento com o setor privado. Seu nome já era ventilado como um possível aglutinador de forças desde muito antes de o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), abrir mão da candidatura em prol do paraibano no início do ano passado.

Com discurso conciliador, Motta tem se apresentado como um candidato que buscará consenso “da extrema direita à extrema esquerda” e que combaterá a “agenda de radicalização”. O candidato diz que a sua candidatura deve representar uma agenda propositiva e o diálogo com os demais Poderes.

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No fim de outubro, Motta ganhou um apoio formal importante, o do presidente da Casa, Arhur Lira (PP-AL). Na hora do anúncio de Lira, também estavam presentes o líder do PP, Dr. Luizinho (PP-RJ) e o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (MDB-AL). Hugo Motta tem relação próxima com líderes partidários da Câmara, como o líder do PL, Altineu Côrtes (PL-RJ), e o líder do PT, Odair Cunha (PT-MG). E desde então é praticamente certa sua vitória na Câmara, com possibilidade de alcançar mais dos que os 464 votos obtidos por Lira em 2023.

Com apenas 35 anos, caso seja eleito, o parlamentar será o mais jovem presidente da história da Câmara dos Deputados. Em 2010, ele foi o deputado federal mais jovem a ser eleito no Brasil, com apenas 21 anos – idade mínima permitida.

Construção da candidatura de Hugo Motta, à presidência da Câmara

A candidatura de Hugo Motta foi lançada em 3 de setembro do ano passado, após o aval do presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), e do deputado Dr Luizinho, líder da legenda Câmara, mas sem o apoio formal de Lira, que também é do PP. À época, Lira sustentava apoio ao deputado Elmar Nascimento (União-BA), que também pretendia disputar a sucessão na Câmara. 

Foram quase dois meses de articulação até Motta conseguir o apoio oficial de Lira, que rompeu com o amigo Elmar Nascimento e convocou a imprensa para anunciar o endosso à candidatura do líder do Republicanos.  

“Depois de muito conversar e, sobretudo, de ouvir, estou convicto de que o candidato com maiores condições políticas de construir convergências no Parlamento é o deputado Hugo Motta, nome que demonstrou capacidade de aliar polos aparentemente antagônicos com diálogo, leveza e altivez”, disse Lira a jornalistas.

Foi determinante para Lira bater o martelo a quantidade de apoios que Motta conseguiu conquistar. Pouco antes do anúncio, ele teve reuniões com lideranças do governo e do PL. Ao governo, parlamentar prometeu governabilidade. Já ao PL, se comprometeu em receber uma lista com as pautas prioritárias para o partido. 

Nem o resultado robusto PSD nas eleições municipais de 2024 foi capaz de consolidar a candidatura de Antônio Brito (BA). Quase duas semanas após a oficialização da candidatura de Motta, o parlamentar da Bahia abriu mão da candidatura e anunciou apoio ao líder do Republicanos. Nas negociações, o PSD saiu da disputa, mas ficou com a presidência da Comissão Mista de Orçamento. 

No mesmo dia, Elmar Nascimento anunciou desistência, e o União Brasil se tornou o 17º partido a apoiar a candidatura de Motta. PL, PT, PP, Republicanos, MDB, PDT, Podemos, PSB, PSDB, PCdoB, Cidadania, PV, PRD, Solidariedade, Rede, PSD e União Brasil juntos somam 488 deputados — embora o voto seja secreto e individual. Dos partidos da Casa, apenas Avante, PSol e Novo não declararam apoio ao candidato do Republicanos. 

Polêmicas e fator Eduardo Cunha

Hugo Motta é próximo do setor do agronegócio, do setor financeiro e do setor imobiliário. No ano passado, foi criticado pela imprensa local na Paraíba ao apresentar um projeto de lei com a proposta de permitir aos bancos a utilização do FGTS como garantia para empréstimo consignado. Após a repercussão e de ser acusado de trabalhar a favor do setor financeiro, o parlamentar retirou o projeto.

Se por um lado o nome do parlamentar é defendido dentro do governo pelo perfil de diálogo, por outro, há quem se preocupe com o relacionamento próximo do parlamentar com o ex-deputado Eduardo Cunha – considerado no PT como “algoz” da ex-presidente Dilma Rousseff. O parlamentar é considerado pupilo do político que presidiu a Câmara dos Deputados de 2015 a 2016.  Motta foi também presidente da CPI da Petrobras, que contribui para o desgaste político que levou à queda de Dilma.

Outro grande cacique que está por trás da candidatura é o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI).

Dinastia e projetos de Hugo Motta

O avô paterno de Motta, Nabor Wanderley, foi prefeito de Patos de 1956 a 1959. O pai do deputado, Nabor Wanderley Filho, é o atual prefeito e foi reeleito este ano para um novo mandato.

Motta está no 4º mandato de deputado federal. Foi presidente do MDB Jovem, sigla pela qual foi eleito em 2010.  É titular na Comissão de Finanças e Tributação desde o 1º mandato. Em 2014, presidiu o colegiado.

O deputado é autor ou coautor de 32 projetos de lei. Entre eles, o que aumenta de US$ 3 mil para US$ 10 mil o valor das importações sujeitas ao sistema de despacho aduaneiro simplificado. O PL 8164/2014 aguarda designação de relator na Comissão de Finanças e Tributação.

Motta é autor da PEC 55/2011, transformada na Emenda Constitucional 82, que cria a carreira de agentes de trânsito no sistema de segurança pública e estabelece que a segurança viária compreende educação, engenharia e fiscalização de trânsito.

Foi relator da Lei 14.787/23, que prorrogou para 2028 a vigência do Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (Reporto).

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