Sem os pequenos negócios, a transição verde não se completa

Algumas verdades são irreversíveis, mesmo diante de decisões retrogradas. Apesar dos recentes pronunciamentos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que formalizou a retirada da maior economia do mundo do Acordo de Paris, a sustentabilidade, a inovação e a inclusão são conceitos que vieram para ficar. Estes valores estão enraizados, fincaram o pé, não por insistência, mas pela força das circunstâncias, como os recentes desastres climáticos, a urgência de empatia e a necessidade de tornar o mundo mais humano em meio à desinformação e à ascensão da inteligência artificial.

A decisão dos Estados Unidos de deixar o Acordo de Paris é emblemática diante à necessidade de ação climática global. O tratado, firmado na COP21, tem como objetivo central limitar o aquecimento global a bem menos de 2°C até o final do século, com esforços para restringir esse aumento a 1,5°C. A dissidência americana representa um retrocesso significativo e pode desencadear uma reação em cadeia, enfraquecendo a colaboração multilateral necessária para enfrentar as mudanças climáticas. Por isso, a próxima conferência climática, a COP30, que será realizada em novembro deste ano, em Belém (PA), precisa ser a mais representativa de todos os tempos.

Nesse cenário global, é essencial reconhecer o papel crucial dos pequenos negócios na transição verde. Uma das verdades incontestáveis é que sem esses empreendimentos, essa transição não se concretiza. Os pequenos negócios, além de representarem a maioria dos empreendimentos no planeta, desempenham um papel estratégico na redução das emissões de carbono e na adoção de soluções sustentáveis. Como o setor privado é o principal responsável pelas emissões globais de gases de efeito estufa, os pequenos negócios podem contribuir significativamente para o alcance da meta de carbono zero por meio de inovações e serviços verdes.

É necessário que esses empreendimentos sejam considerados atores centrais nas políticas climáticas e ambientais. Neste contexto, o Sebrae defende a integração dos pequenos negócios às agendas dos negociadores e das iniciativas da sociedade civil relacionadas às conferências climáticas. Além disso, é essencial a liderança do Sebrae na prestação de apoio e orientação a esses empreendedores, especialmente no que diz respeito à transição energética, descarbonização e oportunidades emergentes na área de serviços ambientais.

Nossas pesquisas mostram que cerca de 70% dos pequenos negócios realizam controle de consumo de energia; 67% do segmento realiza separação do lixo para a coleta seletiva; 65% realizam controle de consumo de papel; e 64% realizam controle no consumo de água.

O Brasil possui um posicionamento privilegiado no debate climático, sendo referência mundial em energia limpa. Atualmente, é o país do G20 com a maior participação de fontes renováveis na produção de eletricidade: 89% da energia elétrica do Brasil provém de fontes como usinas hidrelétricas (60%), energia solar e eólica (21%) e bioenergia (8%).

Com a realização da COP30 em solo brasileiro, há uma oportunidade única de pautar o meio ambiente com uma abordagem mais conectada à realidade das florestas e da biodiversidade, tornando a conferência mais inclusiva e eficaz.

Portanto, como enfatiza o presidente Lula, a transição verde depende de um esforço coletivo que inclua governos, grandes corporações e, sobretudo, pequenos negócios. Apenas com essa integração será possível criar soluções sustentáveis e enfrentar os desafios climáticos que ameaçam o futuro do planeta. Ter os pequenos negócios na transição verde é fincar o pé em conceitos que não têm mais volta.

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