Como ações de conservação aumentaram a população de tubarões e baleias no litoral de SP


Arquipélago em São Sebastião (SP) se tornou uma unidade de conservação federal em 2016. Desde então, diversos animais de diferentes espécies têm sido encontrados na região. Pesquisadores encontram cardume com mais de 100 tubarões no litoral de SP
Localizado a cerca de 40 quilômetros de distância da costa de São Sebastião, no Litoral Norte de São Paulo, o arquipélago de Alcatrazes tem sido cada vez mais um espaço para convivência de diferentes espécies de animais marinhos.
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No início da semana, um grupo de pesquisadores e mergulhadores encontrou na região um cardume com mais de 100 tubarões. Um vídeo mostra a quantidade impressionante de animais nadando no mar do arquipélago – assista acima.
Arquipélago de Alcatrazes.
Divulgação
A aparição do cardume espantou os pesquisadores, que nunca haviam visto uma concentração tão grande de tubarões no litoral paulista. Pelo número de animais encontrados, inclusive, o registro pode ter sido o primeiro em todo o país.
Apesar da surpresa, o encontro de animais silvestres raros na região é cada vez mais comum, o que mostra que as ações de conservação aplicadas em Alcatrazes têm dado resultado.
O arquipélago é uma unidade de conservação federal desde 2016, quando a fiscalização contra a interferência humana nas águas da região – como a pesca – aumentou consideravelmente.
“Até então havia uma estação ecológica que protegia algumas ilhas, mas tinha pouca fiscalização. A partir de 2016, com o decreto, os planos ficaram bem mais robustos, e isso foi um ponto de virada para o arquipélago”, explica Geraldo de França Ottoni Neto, oceanógrafo e analista ambiental do ICMBio, responsável pela administração de Alcatrazes.
Arquipélago de Alcatrazes
Divulgação/ICMBio Alcatrazes
“A fiscalização passou a ser muito maior, pois conseguimos mais embarcações e equipes. Então tivemos mais efetividade e controle para proteger as ilhas. Hoje registramos por ano dois ou três casos de pescadores que tentam burlar essas regras. Isso permitiu um grande aumento da biodiversidade marinha”, completa.
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Peixes no Arquipélago de Alcatrazes, em São Sebastião (SP)
Tubarões
Com a preservação mais efetiva, o encontro de animais que raramente eram vistos ou que até mesmo nunca haviam sido vistos se tornaram mais frequentes.
A presença dos tubarões é uma prova disso. De acordo com um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que também atua no arquipélago de Alcatrazes, sete espécies do animal foram observadas na região desde 2022.
Houve registro do encontro de ao menos um cação-bagre-da-cauda-branca, tubarão-mangona, tubarão-galhudo, tubarão-seda, cação-frango, tubarão-martelo-recortado e tubarão-martelo-liso. Seis dessas espécies já foram consideradas ameaçadas de extinção.
Pesquisadores encontram cardume com mais de 100 tubarões no litoral de SP
ICMBio Alcatrazes
A presença dos tubarões no arquipélago mostra ainda que o ecossistema local está equilibrado, pois os animais são de topo de cadeia. Se não houvesse alimento, eles teriam que procurar em outra região. Segundo a Unifesp, mais de 1,5 mil espécies de animais são abrigados na região.
“Há dois anos temos notado que a variedade de animais tem aumentado muito. O ecossistema está equilibrado, com uma grande biodiversidade. Antes víamos poucos tubarões juntos. Nessa semana vimos mais de cem. Então tem muita comida para eles aqui”, pontua o oceanógrafo Geraldo.
Pesquisadores encontram cardume com mais de 100 tubarões no litoral de SP
ICMBio Alcatrazes
Baleias e outros animais
Além de tubarões, inúmeros outros animais já foram encontrados pelo ICMBio no arquipélago de Alcatrazes. Em março, um grupo de orcas foi registrado na região.
Alguns peixes considerados raros – como olho-de-boi, galo branco, barracuda, dourado, cherne, mero, garoupa – também têm sido encontrados.
“Algo interessante no arquipélago é que no mar os ambientes são divididos pela temperatura da água. E cada temperatura tem espécies diferentes. Mas em Alcatrazes tem a convergência de duas correntes, fria e quente. Então temos animais de diferentes ambientes na região. Vários deles são ameaçados de extinção e estão se repovoando aqui”, diz Geraldo.
VÍDEO mostra grupo de orcas no arquipélago de Alcatrazes em São Sebastião
Até mesmo longe da área do arquipélago, que tem quase 70 mil hectares, os pesquisadores têm notado um aumento da biodiversidade marinha.
“Com o aumento da biodiversidade, alguns peixes estão migrando para outros lugares. Às vezes escutamos relatos de pessoas que viram peixes que nunca haviam visto nas praias. Tudo isso graças à conservação. É emocionante”.
Peixe raro é encontrado por mergulhadores em arquipélago do Litoral Norte de SP
Peixes no Arquipélago de Alcatrazes, em São Sebastião (SP)
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