Em discurso na Paulista, Bolsonaro fica na defensiva e tenta dar resposta ao seu eleitorado


Camarotti: Em discurso, Bolsonaro fica na defensiva e tenta dar resposta ao seu eleitorado
Em seu discurso proferido de cima de um trio elétrico na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (25), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou na defensiva em relação às investigações contra ele sobre a tentativa de planejar um golpe de Estado.
O que se viu foi a imagem de um Bolsonaro acuado, que tentou dar uma resposta ao seu eleitorado em um ambiente em que estaria livre de cair em possíveis contradições, o que poderia ter acontecido durante depoimento à Polícia Federal, onde o ex-presidente se calou na quinta-feira (22).
Sem conseguir negar provas encontradas durante investigação da Polícia Federal, Jair Bolsonaro tentou se justificar. No ato na Paulista, ele argumentou que não houve tentativa de golpe, porque a decretação de um estado de sítio teria que ser aprovado pelo Congresso Nacional e que isso não foi feito.
Bolsonaro disse que golpe é tanque, arma e conspiração, e que nada disso foi feito no Brasil. Sem levar em conta que as tentativas de golpe no mundo contemporâneo acontecem, inclusive, através de manipulações em redes sociais.
Veja imagens aéreas de ato pró-Bolsonaro na Avenida Paulista
A Polícia Federal encontrou um documento com argumentação golpista, similar a um rascunho de decreto, na sala do ex-presidente na sede do PL, em Brasília, em 8 de fevereiro.
O ex-presidente também tentou mexer com o emocional para diminuir a gravidade dos atos dos invasores do 8 de janeiro e pedir anistia para seus apoiadores que estão presos em razão dessa tentativa de golpe de Estado. Ele afirmou não querer a existência de “filhos órfãos de pais vivos”.
Tarcísio de Freitas segura e levanta a mão de Bolsonaro em ato na Paulista
Reprodução/Youtube
Mas o que se viu na invasão das sedes dos três poderes em janeiro foi algo muito grave conduzido de forma profissional e com método. As pessoas sabiam o que estavam fazendo ao invadirem e deprederarem o Congresso, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto.
O evento deste domingo (25) demonstrou preocupação e temor de Bolsonaro de que algo fugisse do objetivo principal do ato, que era essa resposta do ex-presidente. Houve alerta, tanto de bolsonaristas, quanto do próprio Bolsonaro para que neste domingo não acontecessem ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Os apelos foram atendidos e não se viram faixas e cartazes pedindo o fechamento da Suprema Corte, o impeachment de ministros e outras manifestações dessa natureza.
Interessava ao grupo político de Jair Bolsonaro passar a mensagem de que, apesar do ex-presidente estar na defensiva, ele ainda é capaz de engajar politicamente e levar dezenas de milhares de pessoas para um ato em sua defesa.
O comportamento do presidente e de seus apoiadores durante a manifestação destoa do adotado em 2021, quando Bolsonaro atacou Alexandre de Moraes e disse que não cumpriria mais decisões do ministro do STF.
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