O número de pessoas diagnosticadas com autismo aumentou?

O autismo, uma condição que afeta a interação social e a comunicação, tem ganhado destaque devido ao aumento significativo nos diagnósticos. Este fenômeno levanta questões sobre o que realmente está por trás desse crescimento. É importante entender como a definição e os critérios para o diagnóstico de autismo evoluíram ao longo do tempo, influenciando diretamente as estatísticas.

Para alguém ser diagnosticado com autismo, é necessário apresentar dificuldades persistentes na vida social e na comunicação, além de interesses restritos e comportamentos repetitivos. Esses critérios, definidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), têm sido a base para o diagnóstico, mas a interpretação e aplicação desses critérios têm se expandido.

O que explica o aumento nos diagnósticos de autismo?

O aumento nos diagnósticos de autismo pode ser atribuído a vários fatores. Um dos principais é a ampliação dos critérios diagnósticos. Nos anos 1990, a inclusão da síndrome de Asperger e do transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra especificação (PDD-NOS) nos manuais de diagnóstico ampliou o espectro do autismo. Hoje, esses casos são classificados sob o termo transtorno do espectro autista (TEA).

Além disso, a conscientização sobre o autismo tem crescido, levando mais pessoas a buscar diagnósticos. A pesquisa liderada por Ginny Russell no Reino Unido mostrou um aumento exponencial nos diagnósticos de autismo ao longo de 20 anos, um padrão observado também em outros países de língua inglesa e na Europa.

Criança com TEA. Créditos: depositphotos.com / HayDmitriy

Como a identificação de autismo em mulheres e adultos contribui para o aumento dos diagnósticos?

Historicamente, o autismo era visto como um transtorno predominantemente masculino, o que levou à sub-representação de mulheres e meninas nos diagnósticos. No entanto, estudos recentes mostram que o número de diagnósticos entre mulheres tem crescido mais rapidamente do que entre homens. Isso se deve, em parte, a uma melhor compreensão de como o autismo se manifesta em mulheres, que muitas vezes “mascaram” seus traços autistas para se integrar socialmente.

O aumento nos diagnósticos também é notável entre adultos, especialmente aqueles sem deficiência intelectual. Isso reflete uma mudança no “centro de gravidade” do autismo, que agora inclui pessoas com menor necessidade de apoio. Essa ampliação do espectro permite que mais indivíduos recebam o diagnóstico e o apoio necessário.

O que acarreta o aumento no número de diagnósticos?

O aumento nos diagnósticos de autismo traz à tona discussões sobre a diversidade dentro da comunidade autista e o que significa ser autista. Enquanto alguns veem o diagnóstico como uma forma de obter apoio e compreensão, outros se preocupam com a representação do autismo na mídia e nas redes sociais.

Além disso, o aumento nos diagnósticos levanta questões sobre as possíveis causas ambientais. Embora a genética seja um fator predominante, há pesquisas que exploram a influência de fatores como a idade dos pais, nascimento prematuro e complicações no parto. No entanto, a maioria dos especialistas concorda que a “cultura diagnóstica” é a principal responsável pelo crescimento nos diagnósticos.

Como devem evoluir as taxas de diagnóstico de autismo?

À medida que a compreensão do autismo continua a evoluir, é provável que os critérios diagnósticos e a conscientização pública também mudem. Isso pode levar a um aumento ainda maior nos diagnósticos, mas também a uma melhor compreensão e apoio para aqueles no espectro autista. O desafio será garantir que todos os indivíduos, independentemente de suas necessidades de apoio, recebam o reconhecimento e a assistência que merecem.

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