Bancos públicos devem entrar forte em novo consignado

A cerimônia de assinatura e lançamento do programa de crédito consignado privado nesta quarta-feira (12/3) no Planalto evidenciou que o governo conta fortemente com os bancos públicos para acelerar a concessão de empréstimos por essa linha. 

Conheça o JOTA PRO Tributos, plataforma de monitoramento tributário para empresas e escritórios com decisões e movimentações do Carf, STJ e STF

Ainda que os bancos privados e fintechs tenham bastante interesse em acessar a plataforma para ofertar o produto, foram Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal os protagonistas do lançamento, para além de sindicalistas, dos ministros e do presidente Lula.

A presidente do BB, Tarciana Medeiros, e o titular da Caixa, Carlos Vieira, foram os únicos do setor financeiro a falar. Apesar de presente e em posição de destaque entre os convidados, o presidente da Febraban, Isaac Sidney, não fez discurso, ainda que tenha sido mencionado várias vezes.

Vieira, da Caixa, destacou o papel do crédito como motor de crescimento econômico e salientou que a nova modalidade vai ajudar a crescer o PIB do país. “Estamos gerando uma oportunidade para que esse segmento do consignado fazer com que o PIB do Brasil cresça. Não existe caminho melhor para um país crescer do que o crédito”, disse o chefe da Caixa.

Medeiros, por sua vez, enfatizou o papel redistributivo da medida e seu aspecto de aumento da renda disponível dos trabalhadores que forem trocar empréstimos mais caros pela versão mais barata que entra em vigor no próximo dia 21/3. O BB tem exemplo de que em alguns casos há redução de 50% da prestação mensal de crédito, liberando recursos para o trabalhador.

O presidente Lula cobrou dos titulares de todas as instituições públicas que recomendem que seus gerentes atendam pobres e ricos da mesma maneira nas cidades pequenas, um recado evidente para que sejam ativos na oferta dessa nova linha para trabalhadores com renda mais baixa, como domésticos. “É importante que seja um processo educacional porque as pessoas pobres têm até vergonha de entrar no banco”, disse.

Após questionamento do JOTA sobre se houve ordem expressa para os bancos públicos acelerarem a oferta da linha, o secretário de reformas econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto, disse que não e tentou enfatizar que há interesse amplo do setor privado pela linha.

É inegável o interesse das instituições financeiras privadas pelo consignado e elas participaram da discussão do modelo do programa. Mesmo assim, dentro da estratégia do governo de controlar o processo de desaceleração da economia para não deixar que ela fique muito abaixo do potencial e possa voltar a acelerar no ano eleitoral, fica claro que os bancos públicos terão papel essencial.

E nada melhor que uma medida que tem um verniz “estrutural” para fazer com que esse processo ocorra sem ficar estampada uma postura intervencionista do Palácio do Planalto e da política econômica.

Inscreva-se no canal de notícias tributárias do JOTA no WhatsApp e fique por dentro das principais discussões!

Essa nuance também ficou clara com as respostas ao questionamento sobre quando o governo espera que o programa entre em velocidade de cruzeiro. Pinto deu a resposta típica de uma autoridade fazendária: não é possível projetar nesse momento e a linha vai ganhar tração com o tempo, no “médio prazo”, e também não contraria o ciclo de aperto monetário do BC, ao responder que a nova linha terá crescimento gradual.

Já o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que liderou o anúncio e a coletiva sobre o tema e tem um perfil bem mais político, afirmou acreditar que em questão de meses a linha estará em ritmo forte. Marinho parece falar mais pela alma e intenção do governo do que o auxiliar de Fernando Haddad.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.