Testemunhas de Cid o descrevem como um homem não politizado e hierarquicamente obediente

As testemunhas arroladas por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, foram ouvidas na manhã desta quinta-feira (22/5) no Supremo Tribunal Federal (STF) para a instrução da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil em 2022. De uma forma geral, os militares ouvidos descreveram Mauro Cid como um militar hierarquicamente obediente, não politizado e leal à trajetória militar, reforçando a tese da defesa de Cid de que ele apenas cumpria ordens de Bolsonaro e outros superiores na trama golpista.

Mauro Cid é um dos personagens mais importantes na trama golpista. Assinou colaboração premiada com a Polícia Federal em 2023 e o acordo foi homologado pelo STF. As declarações de Cid foram importantes para as autoridades policiais reconstruírem a narrativa da trama golpista e conectá-las a outras provas encontradas durante as investigações. A delação também é importante na denúncia apresentada pelo Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet.

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A colaboração premiada de Cid é um dos pontos mais controversos da ação sobre o golpe e muitos advogados dos réus pedem a anulação do acordo, visto que ele foi chamado várias vezes a depor e mudou depoimentos. O argumento é que a delação não foi feita de forma livre e espontânea pelo militar.

A defesa de Mauro Cid apresentou oito testemunhas, todos militares, e sete compareceram. O general Flávio Alvarenga Filho faltou. Um dos depoimentos importantes na construção da narrativa de Cid como um homem não politizado e obediente, partiu do general do Exército Edson Diehl Ripoli, que foi superior do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Ao ser questionado por César Bitencourt, advogado de Cid, se Cid era politizado, Ripoli respondeu: “Naquela época, não. Cumpria rigorosamente as missões. Não havia naquele momento nenhuma politização”. O general também caracterizou Mauro Cid como um militar hierarquicamente obediente, leal e correto e disse conhecê-lo desde os 10 anos de idade.

Outra testemunha de Cid era o general Julio Cesar de Arruda, ex-comandante do Exército, demitido por Lula em janeiro de 2023, após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, mantendo-se apenas 2 semanas no cargo. Arruda também disse no STF que Mauro Cid não se mostrava como um militar politizado e sempre foi leal às suas funções. “Conheço bem ele, a família dele, a trajetória militar dele. Tudo que se propõe a fazer, tanto na parte operacional, quanto intelectual, sempre se saiu muito bem”.

Arruda confirmou que teve uma reunião no dia 28 de dezembro de 2022 com o general Mário Fernandes, integrante dos Kids Pretos. Segundo ele, Fernandes perguntou se ele iria assumir o comando do Exército no governo Lula, mas disse que não o expulsou. “Não o expulsei da minha sala. Vou assumir e vou dar continuidade ao que o general Freire Gomes vem fazendo. Não confirmo não [que o expulsou]”.

O general também disse que não negou o ingresso da polícia ao acampamento em frente ao Quartel General em 8 de janeiro de 2023, mas que era preciso organizar como seria feito a retirada do acampamento.

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